A temática de sustentabilidade e ESG nas organizações, combinada com a falta de conhecimento interno sobre uma implementação eficiente, originou um mercado de soluções e serviços de sustentabilidade que segue avançando no Brasil. O crescimento dos serviços em ESG no Brasil é tema do novo estudo ISG Provider Lens™ Sustainability and ESG (Environmental, Social, Governance), produzido pela parceria TGT ISG.
Segundo o relatório, os fornecedores de serviços e soluções de sustentabilidade enfrentarão a falta de profissionais qualificados em setores-chave, abrangendo desde estratégia de sustentabilidade até gestão sustentável de resíduos. A demanda por “green jobs” – trabalhos e ocupações que atuam diretamente com iniciativas de conservação e sustentabilidade – é prevista para exceder a disponibilidade de profissionais com as habilidades necessárias. Por este motivo, os fornecedores precisarão investir em programas de educação e formação para aprimorar as competências da força de trabalho.
Adriana Frantz, distinguished analyst da TGT ISG e autora do estudo, afirma que é possível observar um número significativo de fornecedores qualificados, indicando a forte competitividade do setor e o aumento das ofertas de sustentabilidade e ESG. Para manter a liderança nesse mercado, as empresas devem investir continuamente em inovação para criar produtos, tecnologias e modelos de negócios sustentáveis mais eficientes, enfrentando os desafios mais urgentes. “Os fornecedores precisam estabelecer uma ampla rede de parcerias e alianças, incluindo diversas organizações, como ONGs, agências governamentais e outras empresas, para desenvolver e implementar soluções de sustentabilidade com rapidez. Isso pode auxiliar as empresas a alcançarem um público mais extenso e a criar soluções mais eficientes.”
Em 2023, o Brasil se tornou o primeiro país a adotar as normas do ISSB em sua regulação. Em outubro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) lançou a Resolução CVM 193, uma iniciativa inovadora. A partir de 2024, companhias abertas, fundos de investimento e companhias securitizadoras podem, voluntariamente, apresentar relatórios financeiros sustentáveis, seguindo o padrão internacional (IFRS S1 e S2) do International Sustainability Standards Board (ISSB). A obrigatoriedade dessa adoção se inicia em 2026, exigindo também auditoria independente para validar as divulgações necessárias pelas IFRS S1 e S2. Essa medida implica na implementação de novos processos, controles internos e investimento na capacitação de profissionais para atender às regulamentações.
Em 2025, o Brasil sediará a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), uma oportunidade para liderar a diplomacia ambiental de países em desenvolvimento e organizações da sociedade civil ao fortalecer a agenda climática. A indústria da sustentabilidade deve crescer, impulsionada por mudanças regulatórias e reconhecimento crescente de que os fatores ESG são fundamentais ao desempenho corporativo e de investimento.
De acordo com o relatório, as empresas enfrentam desafios na priorização e comunicação eficiente de ações de ESG, devido à complexidade. Outra questão surge na medição imprecisa de ESG, com empresas e consultorias oferecendo classificações, amplamente utilizadas por investidores e acadêmicos. A dificuldade em vincular o desempenho ESG ao financeiro e o debate sobre o impacto nas empresas, que podem preferir externalizar custos, como poluição, são pontos centrais, dada a complexidade da relação, que pode variar dependendo das dimensões avaliadas ou de fatores externos.
“Embora a sustentabilidade e o ESG tenham se tornado mais populares, ganhando tração dentro das organizações, a implementação de uma estratégia sustentável ainda é repleta de dúvidas e desafios. Muitos executivos acreditam que ações simples, como a divulgação de um relatório de sustentabilidade, são suficientes e se frustram quando não conseguem obter resultados dessa forma”, finaliza Adriana.