Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é responsável por cerca de 3,44 milhões de toneladas de plástico descartado nos oceanos todos os anos, o que representa quase 8% da poluição plástica marinha global. Sacolas, garrafas, embalagens e outros resíduos mal destinados formam um fluxo constante de lixo que parte das cidades, passa pelos rios e termina no mar. A data de 26 de setembro, Dia Mundial do Mar, reforça a necessidade de discutir esse impacto e buscar soluções efetivas para reverter o cenário.
Os efeitos da poluição marinha já são amplamente sentidos. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA/ONU), mais de 800 espécies marinhas sofrem com os resíduos plásticos, seja por ingestão, emaranhamento ou outras formas de contaminação. O WWF também alerta que a poluição plástica compromete significativamente a biodiversidade marinha, atingindo diferentes espécies e ecossistemas. Estudos científicos, como os publicados na revista Environmental Research Communications, indicam que microplásticos já estão presentes em peixes e frutos do mar consumidos por humanos, o que pode representar riscos diretos à saúde. Além dos impactos ambientais e de saúde, a poluição dos oceanos traz prejuízos econômicos expressivos, afetando atividades como a pesca e o turismo, que são fundamentais para a sobrevivência de diversas comunidades costeiras.
De frente a esse cenário, a gestão eficiente de resíduos se mostra essencial para reduzir a poluição marinha. Iniciativas que conectam cidades, empresas e cidadãos à destinação correta do lixo ganham cada vez mais relevância.É nesse contexto que atuação da Minha Coleta, startup especializada em gestão de resíduos e coleta seletiva, que busca reduzir a quantidade de lixo que chega aos oceanos por meio de soluções práticas para empresas, condomínios e cidades. A relevância do trabalho da empresa fica ainda mais evidente diante de dados da ONG norte-americana Center for Climate Integrity, que mostram que apenas 9% do plástico produzido globalmente é reciclado. No Brasil, a situação é ainda mais preocupante: apenas 1,3% do plástico passa pelo processo, reforçando a urgência de iniciativas que garantam a destinação correta dos resíduos.
Para Eduardo Nascimento, CEO da Minha Coleta, a origem do problema está justamente na falta de estrutura e incentivo para a destinação correta do lixo ainda nas cidades. “Os plásticos chegam ao mar de diversas formas, todas elas ligadas à ausência de políticas eficazes e de investimentos em coleta seletiva. Quando o resíduo não é tratado adequadamente, acaba encontrando o oceano como destino final. É preciso investir em soluções que ampliem a reciclagem e desenvolvam tecnologias inovadoras, como a reciclagem química, além de reduzir o uso do plástico”, afirma.
As soluções para conter o avanço da poluição marinha passam não só pela reciclagem, mas também por mudanças em toda a cadeia de consumo. A redução do uso de plásticos descartáveis, a criação de políticas públicas mais rigorosas, incentivos à economia circular e iniciativas de logística reversa são medidas apontadas como fundamentais para enfrentar o problema. Pequenas atitudes individuais, como substituir garrafas plásticas por reutilizáveis ou separar corretamente o lixo doméstico, também contribuem para que menos resíduos cheguem ao mar.
Além de reduzir a poluição marinha, a destinação correta de resíduos contribui para fortalecer a cadeia de reciclagem, diminuir a emissão de gases de efeito estufa e ampliar a vida útil dos aterros sanitários. Nesse ponto, Eduardo ressalta que o compromisso não deve ser apenas do cidadão comum, mas de toda a sociedade organizada. Segundo ele, o lixo é uma responsabilidade compartilhada entre governos, empresas e consumidores. “Quem polui mais paga mais. Precisamos encarar a transição da economia linear para a economia circular não apenas como uma necessidade ambiental, mas também como uma oportunidade de negócio capaz de gerar lucro e impacto positivo. Quanto mais empresas e pessoas aderirem, maiores serão as chances de mantermos o equilíbrio do planeta”, conclui.