O Brasil pode se tornar um polo na produção de combustível sustentável para a aviação, de acordo com estudo feito pela Roundtable on Sustainable Biomaterials (RSB), junto da fabricante Boeing. Foi calculado que o país pode gerar até 9 bilhões de litros.
“Só com os resíduos já conseguiríamos suprir a demanda de querosene de aviação nacional, ou seja, pode gerar um excedente para exportação e para suprir demandas já anunciadas por Estados Unidos e União Europeia, por exemplo”, diz Laís Forti Thomaz, professora da Universidade Federal de Goiás e pesquisadora da Rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Sustentáveis para Aviação (RBQAV).
Dos 9 bi citados, 6,48 bilhões viriam de resíduos de cana-de-açúcar, 1,9 bi de resíduos madeireiros, 0,36 bi de gordura animal, 0,23 bi de gases de escape de processos industriais e 0,11 bi de óleo de cozinha usado. Toda a matéria prima pode ser reaproveitada de forma eficiente como combustível sustentável.
A cana-de-açúcar é uma das principais opções para a produção, já que há muita abundância. A Raízen, produtora de biocombustível, no mês de agosto se consagrou como a primeira no setor que recebeu certificação internacional ISCC CORSIA Plus (Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation), que comprova que o etanol cumpre todo os requisitos para a produção de SAF (Combustível Sustentável de Aviação).
“A depender da rota tecnológica e a matéria-prima utilizada, o custo pode ser maior ou menor. Como toda tecnologia nascente, há esse desafio a ser superado, mas é importante que tanto governo quanto empresas e consumidores entendam que o custo extra inicial significa uma externalidade positiva em termos de meio ambiente”, diz a pesquisadora.
Fonte: Globo Rural.