Brasil registra novo recorde nas exportações ao Canadá no acumulado de 2025

O comércio entre Brasil e Canadá manteve ritmo forte nos nove primeiros meses de 2025, fato este que consolida a trajetória de crescimento contínuo das exportações brasileiras ao território canadense e um saldo comercial positivo para o País. O Quick Trade Facts (QTF), relatório trimestral elaborado pela Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC), aponta que as vendas do Brasil aos norte-americanos somaram US$ 5,08 bilhões entre janeiro e setembro, um aumento de 14% em relação ao mesmo período de 2024.

As importações brasileiras de produtos canadenses também cresceram. O estudo registrou 7% no acumulado do ano, atingindo US$ 2,36 bilhões, o que resultou em um saldo comercial favorável de US$ 2,7 bilhões para o Brasil. O avanço reforça o papel do Canadá como parceiro estratégico do Brasil no comércio exterior. A corrente de comércio – soma de exportações e importações – alcançou US$ 7,45 bilhões, crescimento de 12% frente à 2024.

Segundo análise dos especialistas da CCBC, mesmo com a valorização gradual do real frente ao dólar canadense, os embarques brasileiros aumentaram, demonstrando a força e a competitividade dos produtos nacionais no mercado. Isso porque, quando o real se valoriza frente ao dólar canadense, os produtos brasileiros tornam-se “mais caros” para os canadenses, o que tende a reduzir, e não a aumentar, as exportações. Ou seja, há uma relação inversa onde a valorização da moeda brasileira costuma diminuir a competitividade dos produtos nacionais no exterior e, ao mesmo tempo, pode favorecer o aumento das importações de produtos canadenses.

“O desempenho confirma que os produtos brasileiros continuam ganhando espaço no mercado canadense pela qualidade, diversificação de portfólios e pelo cenário econômico mundial atual”, afirma Hilton Nascimento, diretor-presidente da CCBC. “Além disso, o tarifaço que foi imposto pelos Estados Unidos a vários países ajudou a impulsionar ainda mais a relação bilateral entre Brasil e Canadá que já vinha em alta”, complementou.

As exportações brasileiras registraram o maior valor já alcançado para o acumulado até setembro, superando em mais de US$ 600 milhões o recorde anterior, de 2024. O crescimento foi impulsionado principalmente pelas vendas de bulhão dourado (ouro em forma bruta), café verde, carne suína, além de produtos do setor mineral e da indústria de transformação, como óxido de alumínio.

No terceiro trimestre, os resultados reforçaram essa tendência: o bulhão dourado manteve a liderança, com US$ 1,79 bilhão exportado, um salto de 43,8% frente ao mesmo período de 2024. A alumina calcinada também apresentou desempenho expressivo, somando US$ 883,1 milhões, avanço de 37%, enquanto o café verde cresceu 16%, totalizando US$ 177,6 milhões. Esses produtos continuam entre os principais responsáveis pela expansão da balança comercial brasileira com o Canadá.

Apesar da queda em alguns itens, como aeronaves e açúcar, a combinação de commodities minerais e agrícolas continua a liderar o desempenho das exportações. A participação do Canadá nas exportações totais do Brasil subiu de 1,7% para 2%, refletindo o fortalecimento das relações comerciais entre os países.

Do lado das importações, o Brasil comprou 7% mais produtos canadenses do que no mesmo período de 2024, com destaque para fertilizantes, turborreatores, medicamentos e máquinas. O Canadá segue sendo um fornecedor importante para a indústria brasileira, especialmente nos segmentos químico, farmacêutico e de equipamentos pesados.

Entre julho e setembro, os cloretos de potássio continuaram liderando as compras brasileiras, somando US$ 1,09 bilhão, alta de 6% em relação ao mesmo trimestre de 2024. Também se destacaram as importações de turborreatores (US$ 113,8 milhões; +28%), helicópteros de até 2 mil kg (US$ 32,9 milhões; +20%) e enxofre a granel, que registrou um aumento excepcional de 678%, atingindo US$ 28,1 milhões.

Itens como nióbio, moldes industriais e betume de petróleo também tiveram aumentos expressivos, demonstrando a continuidade de fluxos comerciais em setores de alta tecnologia e energia.

“Mais do que um recorde comercial, esses números refletem o amadurecimento das relações econômicas entre Brasil e Canadá e o início de um novo ciclo de oportunidades”, conclui Nascimento.

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