O real ultrapassou o peso argentino na tarde desta segunda-feira (17), por volta das 16h, passando a ser a moeda, entre os países emergentes, com pior performance em 2024.
O dólar, utilizado como referência, acumulava até aproximadamente às 16h desta segunda-feira uma valorização de 10,54% em relação à moeda brasileira em 2024. Mais para o fim do dia, entretanto, a diferença em relação ao peso argentino diminuiu, e o real encerrou praticamente empatado com a moeda dos “hermanos”, ambas registrando uma queda de 10,48% no ano.
De maneira geral, especialistas têm mencionado há algum tempo que a perspectiva de juros mais altos nos Estados Unidos é a principal causa do enfraquecimento do real. Essa tese ganhou força desde o início do ano, após dados macroeconômicos indicarem que a economia norte-americana ainda está aquecida, o que levou à percepção de que o Federal Reserve precisará manter os juros altos por mais tempo — ou pelo menos não reduzi-los conforme esperado anteriormente.
No entanto, nas últimas semanas, os rendimentos da renda fixa americana têm recuado após alguns dados mais fracos dos EUA, como o CPI (índice de preços ao consumidor) e o Payroll, principal indicador do mercado de trabalho, ambos referentes a maio. Os rendimentos dos treasuries de dez anos, por exemplo, estavam em quase 4,7% no início de maio e agora estão rendendo cerca de 4,25%.
O real tem perdido força mundialmente de forma contínua. Os ruídos políticos aumentam o temor de que as contas públicas brasileiras se deteriorarão, gerando a percepção de que investir no país é mais arriscado, o que reduz o fluxo de capital estrangeiro. Fatores como a mudança na meta fiscal, a troca na presidência da Petrobras e, mais recentemente, declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são considerados relevantes.