Brasil tem baixa conectividade em áreas irrigadas por pivô central, revela ConectarAGRO

A ConectarAGRO realizou um mapeamento inédito da conectividade em áreas irrigadas por pivôs centrais em todo o Brasil. Essa tecnologia, caracterizada por grandes estruturas metálicas giratórias que distribuem água de forma uniforme em círculos sobre as lavouras, é considerada uma das mais eficientes para o uso racional da água e para a intensificação sustentável da produção agrícola. A análise revelou que apenas 28,26% da área irrigada no país possui acesso à internet 4G ou 5G. Entre os equipamentos mapeados, somente 13,55% estão totalmente conectados, resultado que evidencia a disparidade entre o avanço da mecanização agrícola e a infraestrutura digital disponível no campo.

Esse retrato se soma a dados recentes da Embrapa, que mostram a rápida expansão da agricultura irrigada. Segundo levantamento com informações até outubro de 2024, o Brasil conta hoje com 2,2 milhões de hectares irrigados por pivôs centrais, quase 300 mil hectares a mais do que em 2022, quando a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registraram 1,92 milhão de hectares. O estudo também revelou que o extremo oeste da Bahia ultrapassou o noroeste de Minas Gerais e se tornou o maior polo de irrigação por pivôs centrais do País. Entre os estados, Minas Gerais, Bahia e Goiás lideram em área irrigada, enquanto São Desidério, na Bahia, aparece como o município com maior área irrigada do Brasil, seguido por Paracatu e Unaí, em Minas Gerais. Outro destaque é a distribuição por biomas: mais de 70% da irrigação está no Cerrado, enquanto o Pantanal segue sem uso de pivôs centrais.

“Os números mostram que, mesmo em regiões altamente tecnificadas, a falta de conectividade ainda é um gargalo. Sem internet, não conseguimos aproveitar todo o potencial da irrigação moderna para tornar o uso da água mais eficiente, reduzir custos e dar mais sustentabilidade à produção”, afirma Paola Campiello, presidente da ConectarAGRO.

Os dados apontam que Minas Gerais lidera em área irrigada, com 559,6 mil hectares, mas apenas 26,5% deles estão conectados. Municípios como Paracatu e Unaí figuram entre os maiores do país em extensão irrigada, porém apresentam baixos índices de cobertura, de 1,5% e 10,4%, respectivamente. Goiás surge em segundo lugar, com 313,4 mil hectares irrigados e 24% de conectividade, tendo Cristalina como destaque, com mais de 65 mil hectares irrigados, dos quais 37% estão cobertos por internet móvel. Já a Bahia aparece como a terceira maior área irrigada, com 294,3 mil hectares, mas apenas 17% conectados, cenário que inclui o polo estratégico do Oeste Baiano, onde a conectividade não ultrapassa 16%.

Em contrapartida, São Paulo apresenta uma situação mais favorável: dos 247 mil hectares irrigados, 53,4% estão conectados, configurando-se como um dos estados com melhor desempenho entre os grandes produtores. Apesar da menor representatividade em área irrigada, estados nordestinos como Ceará e Paraíba chamam a atenção pelos índices de conectividade: 72% e 77% das áreas irrigadas, respectivamente, já contam com cobertura de internet. Experiências de polos como Jaguaribe, no Ceará, e Petrolina/Juazeiro, na divisa entre Bahia e Pernambuco, mostram que é possível aliar irrigação intensiva à digitalização do campo, alcançando resultados expressivos em inovação, produtividade e sustentabilidade.

Para a presidente da ConectarAGRO, o estudo deixa claro que o acesso à internet nas áreas produtivas já não é mais um diferencial, mas um insumo estratégico, tão essencial quanto a água ou os fertilizantes. “A conectividade rural é a chave para viabilizar a agricultura de precisão, ampliar a eficiência no uso da água, garantir rastreabilidade e abrir novas oportunidades de desenvolvimento social e econômico. Conectar o campo é condição indispensável para que o Brasil consolide uma agricultura cada vez mais inteligente, sustentável e competitiva no cenário global”, explica a presidente.

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