Brasil tem déficit de 8 milhões de análises de solo por ano, indica IBRA megalab

Coleta de solo /Divulgação

O Brasil, uma das maiores potências agrícolas do mundo, enfrenta um gargalo silencioso que ameaça sua competitividade, a falta de diagnóstico adequado dos solos cultivados. Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Análises Agronômicas (IBRA megalab), baseada em percepções técnicas da Embrapa Solos, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), o país apresenta um déficit anual de cerca de 8 milhões de análises de solo — o equivalente a R$ 1 bilhão em potencial econômico não aproveitado somente entre os laboratórios de solo do país.

Esse “gap analítico” indica que milhões de hectares são manejados sem base científica sobre a fertilidade do solo, resultando em ineficiência no uso de insumos, perdas de produtividade e aumento de impactos ambientais. Apesar do avanço da agricultura de precisão, o diagnóstico agronômico ainda não acompanha a expansão da área cultivada. “Sem análise de solo, não há agricultura de precisão possível. O manejo torna-se impreciso e a eficiência agronômica cai drasticamente. Trata-se de um desafio nacional, que precisa ser enfrentado com ciência, dados e estrutura”, afirma Armando Parducci, diretor do IBRA megalab.

O impacto econômico do déficit é expressivo. Estima-se que a ausência de análises adequadas, por exemplo, represente cerca de R$ 7 bilhões em perdas somente na safra de soja, decorrentes de aplicações incorretas de fertilizantes, desequilíbrios nutricionais e menor eficiência do uso da terra. Além disso, a falta de dados de solo limita o avanço de programas de sustentabilidade, rastreabilidade e de agricultura de baixo carbono. “Conhecer o solo é o primeiro passo para produzir de forma eficiente e sustentável. Ampliar a base analítica do país é essencial para transformar conhecimento agronômico em vantagem competitiva”, reforça Parducci.

Entre as causas do problema estão o custo logístico da coleta de amostras, a baixa capilaridade dos laboratórios, o tempo de processamento das análises e a ausência de integração digital entre campo e laboratório. A consequência é uma lacuna técnica que compromete a tomada de decisão de produtores e consultores em todo o país. Com o uso de inteligência artificial e mapeamento digital do solo, o IBRA Megalab projeta escala, precisão e sustentabilidade para expandir o diagnóstico agronômico nacional.

A resposta do IBRA Megalab para ampliar a escala do diagnóstico de solo está no Digital Soil Mapping (DSM), tecnologia que combina dados laboratoriais, geoespaciais e algoritmos de inteligência artificial para gerar mapas digitais preditivos de alta resolução.

Com o DSM, é possível ampliar a cobertura de informações do solo sem depender exclusivamente do número físico de coletas, o que permite chegar a áreas historicamente pouco monitoradas e acelerar o ritmo de diagnóstico nacional. “O sistema integra variáveis como carbono total, teor de argila, pH, textura e matéria orgânica, gerando modelos digitais contínuos que representam com alta fidelidade a variabilidade do solo.”

Além disso, o IBRA Megalab utiliza infraestrutura de laboratórios regionais, plataformas digitais integradas e sistemas de IA para processar e atualizar os dados em tempo real. “O Digital Soil Mapping não substitui a análise de solo tradicional, mas a expande. Combinando dados laboratoriais com modelagem digital, conseguimos aumentar a escala de diagnóstico e reduzir o custo por hectare analisado”, destaca Parducci.

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