Startups brasileiras impulsionam uso de inteligência artificial sem exigir conhecimento técnico
O Brasil tem ganhado destaque no cenário global de inovação com a proliferação de plataformas no-code voltadas ao desenvolvimento de agentes de inteligência artificial. Startups como Chatvolt, NicoChat, SuperAgentes, Zaia e CrewAI vêm criando ferramentas que permitem a usuários sem formação técnica desenvolver soluções com IA, com aplicações que vão de vendas e atendimento ao cliente à automação de processos internos.
No-code é uma abordagem de desenvolvimento de software que permite criar aplicações, sites, automações e até agentes de inteligência artificial sem escrever uma linha de código. Em vez de linguagens de programação tradicionais, essas plataformas oferecem interfaces visuais, arrastar e soltar (drag-and-drop) e blocos prontos que facilitam o trabalho de quem não tem conhecimento técnico avançado.
Essa tendência tem ganhado força por democratizar o acesso à tecnologia, permitindo que empreendedores, profissionais de marketing, designers e outros criem soluções digitais de forma rápida, econômica e escalável.
Um dos exemplos mais notáveis é a CrewAI, fundada por João Moura e sediada no Vale do Silício. A empresa levantou US$ 18 milhões em menos de um ano e já atende cerca de 150 companhias — incluindo empresas da lista Fortune 500. Com uma proposta open source, a startup oferece soluções para orquestração de múltiplos agentes autônomos e firmou uma parceria com a IBM para integração com a plataforma watsonx.ai.
O mercado de plataformas no-code e low-code no Brasil está em rápida expansão. Segundo a consultoria S4 Digital, a taxa de crescimento anual composta (CAGR) dessas tecnologias no país é estimada em 40% até 2025. Esse avanço é impulsionado pela necessidade de transformação digital e pela escassez de profissionais de TI, levando empresas a adotarem soluções que permitem o desenvolvimento de aplicações sem a necessidade de codificação tradicional.
Além disso, um estudo da Gartner prevê que, até 2024, aproximadamente 65% dos softwares serão desenvolvidos utilizando ferramentas no-code e low-code. Essa tendência reflete a crescente adoção dessas tecnologias no desenvolvimento de software.
Segundo o Relatório de Perspectivas do Mercado de Trabalho do Macrossetor TIC, divulgado pela Brasscom, o setor de Tecnologia da Informação e Comunicação no Brasil tem potencial para criar entre 30 mil e 147 mil empregos formais até dezembro de 2025. Desse total, 57% correspondem a funções diretamente ligadas à área de tecnologia.
Iniciativas como a Comunidade Sem Codar, criada por Asse em 2020, foram criadas com base nesta inevitabilidade da revolução digital e esta já reúne mais de 10 mil membros além de oferecer cursos e ferramentas para que profissionais desenvolvam software e automatizem tarefas sem precisar programar.
“Estamos vivendo um momento histórico: nunca foi tão fácil e acessível construir com inteligência artificial no Brasil”, afirma Renato Asse, fundador da Comunidade Sem Codar. “As plataformas nacionais estão rompendo barreiras técnicas e culturais, permitindo que empreendedores de todos os perfis transformem ideias em soluções reais. Isso não é só avanço tecnológico, é empoderamento econômico em larga escala”, complementa.