A montadora chinesa de veículos elétricos BYD foi acusada de trazer centenas de trabalhadores chineses com vistos irregulares para iniciar a construção de sua fábrica em Camaçari, na Bahia. A informação foi divulgada pelo auditor do trabalho responsável por investigar as condições laborais da empresa, em entrevista à Reuters nesta terça-feira. Segundo ela, a companhia se comprometeu a cumprir as leis trabalhistas brasileiras para os funcionários que permanecerem no país.
No mês passado, 163 desses trabalhadores, contratados pela empreiteira Jinjiang, parceira da BYD, foram encontrados em “condições análogas à escravidão”. De acordo com Liane Durão, que liderou a investigação anunciada no final de dezembro, todos esses trabalhadores já deixaram ou estão saindo do Brasil. No total, cerca de 500 trabalhadores chineses foram trazidos ao país pela BYD.
A auditora disse que a BYD concordou em ajustar as condições das centenas de trabalhadores que permanecerão no país para cumprir as leis trabalhistas brasileiras. A fábrica da BYD em Camaçari tornou-se um símbolo de influência crescente da China no Brasil, refletindo uma relação cada vez mais estreita entre os dois países.
Nesta terça-feira, autoridades trabalhistas, representantes da BYD e de suas empreiteiras que atuam na Bahia se reuniram para discutir medidas destinadas a garantir a proteção dos direitos de todos os trabalhadores empregados na unidade.
A BYD investiu 620 milhões de dólares somente na instalação do complexo fabril da Bahia. Quase um em cada cinco carros que a BYD vendeu fora da China nos primeiros 11 meses de 2024 foi no Brasil.
Desde que os trabalhadores foram encontrados em condições análogas à escravidão, o governo brasileiro suspendeu a emissão de vistos temporários para a BYD. As denúncias de irregularidades na Bahia podem vir a ser um grande ponto de atrito nas relações bilaterais.