A BYD, maior montadora da China, lançou na quarta-feira as vendas de seus veículos elétricos (VEs) na Argentina. A empresa aproveita uma nova medida do governo argentino que reduz as tarifas de importação para veículos elétricos e híbridos, intensificando sua rápida expansão na América do Sul.
Os modelos colocados à venda incluem o SUV elétrico Yuan Pro, o SUV híbrido plug-in Song Pro e o elétrico Dolphin Mini. Todos os veículos têm preço de fábrica abaixo de US$ 16.000 (antes de impostos e taxas), o limite estipulado pela nova política argentina.
A nova medida governamental permite a venda de até 50.000 veículos elétricos e híbridos sem tarifas em 2026. Essa janela de oportunidade é particularmente benéfica para as marcas chinesas, que dominam o setor de baixo custo. A Argentina espera que as importações de VEs e híbridos atinjam cerca de 40.000 unidades até o final de janeiro.
Normalmente, carros importados de marcas sem operações de fabricação na Argentina ou em países membros do Mercosul (como o Brasil) pagam uma tarifa de importação de 35%.
Stephen Deng, gerente nacional da BYD na Argentina, confirmou que a empresa pode importar atualmente cerca de 7.800 carros elétricos e híbridos dentro da cota que lhe foi concedida. “Vemos um grande potencial a longo prazo para a Argentina desenvolver a eletromobilidade”, disse Deng, classificando a nova política como uma “tremenda oportunidade”.
Analistas locais preveem que o esquema tarifário deve beneficiar montadoras chinesas de baixo custo, como a BYD, o que deve impulsionar a demanda local.
Embora a Argentina possua o segundo maior mercado automotivo da América do Sul, ficando atrás apenas do Brasil, ela historicamente registra a menor penetração de veículos elétricos da região. De janeiro a agosto de 2025, foram vendidos apenas 486 carros elétricos em um mercado total de 421.000 unidades.
Durante anos, importadores enfrentaram taxas de câmbio desfavoráveis, tornando a importação de VEs cara e incentivando o consumo de carros a combustão fabricados localmente. Apesar da turbulência política e das oscilações cambiais, o mercado automotivo geral da Argentina cresceu 60,4% nos primeiros nove meses do ano em comparação com o ano anterior, impulsionado por reduções de tarifas e melhores linhas de crédito.
A expansão sul-americana da BYD, no entanto, enfrenta desafios regionais e globais. No Brasil, onde a montadora está construindo uma nova fábrica, o crescimento tem gerado resistência de grupos da indústria e sindicatos, que temem que um grande fluxo de carros chineses prejudique a produção automotiva e os empregos nacionais.
Globalmente, a BYD também enfrenta uma concorrência acirrada de rivais como a Geely Auto e a Leapmotor. Essa competição se refletiu na queda de suas vendas trimestrais de carros pela primeira vez desde 2020, conforme dados divulgados este mês.