O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, anunciou nesta terça-feira que recursos naturais que não são cultivados nos Estados Unidos, como café e cacau, poderão ser isentos de tarifas de importação em futuros acordos comerciais. A medida visa facilitar o comércio de commodities não produzidas domesticamente.
Em entrevista ao programa “Squawk Box” da CNBC, Lutnick revelou que o presidente Donald Trump concordou em estabelecer “tarifas zero” para esses recursos em acordos comerciais já fechados ou em negociação, citando como exemplos os tratados com a Indonésia e a União Europeia.
“Se você cultiva algo e nós não cultivamos, isso pode custar zero. Então, se fizermos um acordo com um país que cultiva manga ou abacaxi, eles podem entrar sem tarifa, porque café e cacau serão outros exemplos de recursos naturais”, explicou Lutnick. Ele acrescentou que os EUA “também podem identificar certas commodities que não estão naturalmente disponíveis ou produzidas internamente nos Estados Unidos para uma redução adicional na taxa tarifária recíproca”.
A Indonésia, por exemplo, concordou com uma tarifa de 19% para vender seus produtos nos EUA, mas poderá, eventualmente, ter tarifa zero para seu café, cacau ou outros produtos tropicais. No entanto, Lutnick não comentou sobre a situação dos produtos tropicais provenientes de países que ainda não possuem acordo com os EUA, como o Brasil.
A incerteza para o Brasil é ainda maior devido às recentes tensões políticas. Trump ameaçou impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. Essa medida, segundo o governo norte-americano, também está ligada a questões políticas, com o presidente dos EUA expressando descontentamento com o tratamento da Justiça brasileira ao ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado.
O Brasil é um fornecedor crucial para os EUA, responsável por um terço do café consumido no país, que é o maior consumidor mundial da bebida. A imposição de tarifas sobre o café brasileiro poderia ter um impacto significativo nesse comércio bilateral.