Os contratos futuros do café arábica na bolsa de Nova York se aproximaram de um recorde histórico nesta terça-feira, impulsionados pelas tarifas dos EUA e a um setembro seco no Brasil. Os preços atingiram o pico de US$ 4,24 por libra-peso, o maior em sete meses, mas recuaram com a realização de lucros, fechando em queda de 2%, a US$ 4,0935.
A alta acentuada é um dos fatores que mantêm a inflação de alimentos nos Estados Unidos elevada. O mercado agora aguarda a decisão do Federal Reserve sobre a taxa de juros, que pode ser influenciada por dados de inflação, como a alta de 20,9% nos preços do café torrado nos supermercados dos EUA em agosto.
Desde que o governo Trump aplicou uma tarifa de 50% sobre as importações de café brasileiro em julho, os preços do café arábica subiram cerca de 50%. Essa medida afetou diretamente a cadeia de suprimentos dos EUA, já que o Brasil costumava fornecer um terço do café consumido no país. Com a redução dos embarques, torrefadores locais foram forçados a buscar suprimentos em outros lugares, pressionando a oferta e elevando os preços.
Além do fator geopolítico, as condições climáticas no Brasil também preocupam o mercado. O mês de setembro tem sido seco e, segundo analistas, a falta de chuvas pode prejudicar a floração dos cafeeiros, impactando a produção de 2026.
A Cardiff Coffee Trading, corretora sediada nos EUA, apontou que fundos especulativos estão aproveitando a situação para aumentar suas compras. Eles veem a oportunidade em torrefadores com cobertura insuficiente e em comerciantes e produtores sob forte pressão, que estão liquidando contratos futuros, o que impulsiona ainda mais os preços.
Outras commodities também registraram queda. O café robusta recuou 1,3%, o cacau em Londres caiu 2,1%, e o açúcar bruto teve uma leve queda de 0,6%.