Quase metade (43%) das organizações no Brasil não utilizam a gestão de riscos para orientar o processo de planejamento estratégico, indicando o não uso efetivo desse recurso como ferramenta de gestão e de tomada de decisão. O dado consta na quarta edição da “Pesquisa da Maturidade do Processo de Gestão de Riscos no Brasil”, da KPMG. O conteúdo destacou ainda que a classificação da governança de riscos das empresas caiu de 42% para 41% no nível avançado e de 36% para 32% no nível maduro, em 2024, se comparado à 2022, conforme a tabela.
A publicação mostra ainda uma redução de 7% no número de empresas que alegam que os executivos estão cientes dos riscos em cada tomada de decisão e 63% afirmam que o nível de entendimento dos colaboradores sobre o processo de gestão de riscos é baixo ou inexistente.
“As boas práticas de mercado sugerem que programas de treinamentos em gestão de riscos devem ser aplicados a todos os colaboradores e aos membros de comitês e do conselho de administração. Entretanto, não foi verificada uma alteração relevante nos públicos-alvo de treinamento entre as edições desta pesquisa”, analisa Fernando Lage, sócio-líder de Advisory Regional Centro da KPMG no Brasil.
Em contrapartida, houve um aumento significativo na criação da área específica de gestão de riscos, considerando que, em 2022, 41% das empresas afirmaram que tinham uma área responsável exclusivamente para essa gestão, enquanto 14% declaravam que essa função era de responsabilidade do compliance, 17% pela área de controles internos e 7% pelo departamento financeiro, controladoria e relação com investidores. Em 2024, mais da metade dos respondentes confirmam terem a área de gestão de riscos (59%), enquanto 12% afirmam ser o compliance responsável por essa gestão, 9% por controles internos e 6% pela área financeira, controladoria e relação com investidores.
Quanto ao foco de atuação da função de gestão de riscos, a publicação informa que 25% referem-se aos riscos associados aos objetivos estratégicos, 16% aos riscos de fraudes, 22% aos riscos de processos e 12% às operações financeiras. Esses números se mantiveram bem próximos aos de 2022, quando os índices foram 24%, 15%, 21% e 13%, respectivamente.
O conselho de administração ainda permanece como o principal aprovador da política de gestão de riscos nas empresas, sendo escolhido por 53% delas como o responsável por essa elaboração, embora houve uma queda considerável dessa atribuição a esse agente de governança, já que, em 2022, 58% das empresas tinham seus conselhos como principais decisores.
“Embora seja claro o valor da gestão de riscos, surge a questão sobre a completa exploração desses benefícios pelas empresas. Quando a gestão de riscos está profundamente integrada à cultura organizacional, atrelada às metas de longo prazo e apoiada por um sólido conjunto de práticas de governança, ela permite a criação e proteção de valor, intensifica a inovação e capacita o negócio a prosperar de maneira sustentável”, explica Thais Mendonça, sócia-diretora de Governance, Risk & Compliance Services da KPMG no Brasil.