Campanha global exige transparência de empresas que assumiram compromissos pelo banimento dos ovos de gaiolas 

No Brasil, a Animal Equality já negociou com sucesso o compromisso de banir os ovos de galinhas confinadas em gaiolas com 104 empresas

Foto: Animal Equality Brasil

Nesta terça-feira (08), a Open Wing Alliance (Aliança Asas Abertas), uma coalizão global que reúne 95 organizações de proteção animal em 75 países, lançou uma campanha internacional pedindo maior transparência de empresas líderes quanto aos compromissos assumidos publicamente para adotar políticas pelo banimento dos ovos de galinhas criadas em gaiolas.

A campanha atual foca em grandes nomes da indústria, como Norwegian Cruise Line, além de empresas como Colombina, Lai Sun Dining e Wagamama. Juntas, essas corporações utilizam cerca de 73 milhões de ovos anualmente, e o cumprimento de suas promessas reduziria o sofrimento de aproximadamente 260 mil galinhas.

Quando uma empresa assume esse compromisso, ela se compromete publicamente a não adquirir mais ovos de galinhas confinadas em gaiolas, optando por ovos de galinhas criadas em sistemas livres de gaiolas ou por ingredientes vegetais que possam substituir os ovos em suas receitas.
 

Por que banir as gaiolas da produção de ovos?

Ovos produzidos em sistemas de gaiolas são provenientes de animais que vivem em situação de confinamento extremo. Nos sistemas de gaiolas as galinhas passam toda a vida em um espaço menor do que uma folha de caderno e são privadas de seu comportamento natural, o que as coloca em sofrimento físico e psicológico. Em junho de 2023, a Animal Equality Brasil, organização signatária da OWA, lançou uma investigação realizada em quatro granjas e um abatedouro no estado de São Paulo, expondo as condições nas quais as galinhas são criadas no sistema de gaiolas.

Nas filmagens, é evidente que a restrição severa de espaço impede as aves de realizar movimentos básicos, como esticar as asas ou dar alguns passos. Diante da crueldade envolvida na produção de ovos, países como Canadá e Nova Zelândia, além de estados dos EUA e a União Europeia, já proibiram o uso de gaiolas convencionais. No Brasil, cerca de 95% das galinhas ainda são mantidas em gaiolas.
 

Consciência e demanda dos consumidores

“À medida que os consumidores se tornam mais conscientes sobre a origem de seus alimentos e o tratamento cruel dado aos animais pelas empresas alimentícias, a falta de transparência corporativa se torna inaceitável. Eles simplesmente direcionarão seu dinheiro para outras opções”, afirma Brooke Fane, Especialista Sênior em Campanhas Corporativas Globais da Open Wing Alliance. “Estamos testemunhando um movimento global de afastamento das gaiolas, tanto na forma de legislação, quanto de políticas corporativas. As empresas precisam fazer a mudança para o sistema livre de gaiolas ou correm o risco de ficar para trás”, completa.

No Brasil, a Animal Equality já negociou com sucesso o compromisso de banir os ovos de galinhas confinadas em gaiolas com 104 empresas. Esse avanço significativo reflete o poder da mobilização popular e a crescente conscientização sobre a crueldade embutida no sistema de criação de animais em gaiolas. Além disso, destaca-se o papel das empresas que, cientes da rejeição dos consumidores aos maus-tratos contra animais, adotam políticas mais éticas e transparentes. Em média, as empresas têm um prazo de cinco anos para completarem a transição do sistema de gaiolas para sistemas livres de gaiolas.
 

“A responsabilidade social das empresas vai muito além do cumprimento às leis. As empresas devem ser transparentes sobre as práticas que fomentam em sua atividade produtiva e se empenhar para escolher fornecedores que adotem uma postura ética em relação à sociedade, ao meio ambiente e aos animais. ESG não pode ser tratado apenas como marketing, mas deve se traduzir em ações concretas”, destaca Carla Lettieri, Diretora Executiva da Animal Equality Brasil.


Apesar de muitas empresas brasileiras e internacionais terem assumido o compromisso de eliminar o uso de ovos de galinhas confinadas em gaiolas, algumas ainda não reportam o progresso dessa transição. Para garantir que essas promessas sejam cumpridas, a OWA e a Animal Equality lançam campanhas que cobram mais transparência das empresas. Essas ações são fundamentais para manter a responsabilidade corporativa e assegurar que práticas mais éticas de produção sejam realmente implementadas.

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