A pesquisa divulgada no dia 18 de setembro de 2024, realizada pelo MosaicLab e o Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV), trouxe um dado preocupante: houve uma queda de 7 pontos percentuais no índice de importância que os consumidores atribuem aos fatores ESG (Environmental, Social, and Governance) na escolha de produtos e locais de compra em 2024, comparado ao ano anterior. O índice, que foi de 50% em 2023, caiu para 43% neste ano. Isso mostra que, apesar da crescente conscientização sobre sustentabilidade, há um descompasso entre o que os consumidores desejam no futuro e as escolhas que fazem atualmente.
Um dos pontos levantados pela pesquisa foi a falta de conexão entre o conhecimento sobre ESG e a ação prática do consumidor. Embora 88% dos entrevistados declarem que pretendem considerar mais o consumo consciente nos próximos 5 a 10 anos, há uma sobrecarga de informações e desafios imediatos, como preocupações econômicas, que dificultam a adoção de práticas mais sustentáveis no presente. Além disso, o ceticismo em relação ao greenwashing – quando as empresas exageram suas iniciativas sustentáveis sem uma ação concreta – também contribui para essa queda na importância atribuída ao ESG.
De acordo com Hugo Bethlem, chairman do Capitalismo Consciente Brasil, e líder do Comitê de Sustentabilidade e ESG do IDV, para reverter esse quadro, as empresas precisam ser mais transparentes e tangíveis em suas práticas de ESG. “Uma solução eficaz seria melhorar a formação de colaboradores e lideranças, além de uma comunicação com o consumidor, explicando de forma clara e acessível como as práticas sustentáveis impactam diretamente o dia a dia das pessoas. Os consumidores estão cada vez mais, conscientes em suas decisões de compra, então cabe ao varejo ser mais transparente em suas comunicações, devendo tratar as informações ambientais e sociais, tão relevantes quanto as financeiras”, conta o executivo.
“Essa transparência pode ser reforçada com o uso de certificações reconhecidas e selos que facilitem a identificação de produtos e marcas alinhados com os princípios ESG, além de lideranças que possam estar atualizadas com os rumos do ESG e com o propósito dos negócios para um mundo melhor”, completa Bethlem.
Outra ação importante é tornar os produtos sustentáveis mais acessíveis financeiramente. O custo ainda é uma barreira significativa para muitos consumidores, especialmente em um contexto de instabilidade econômica. As empresas podem explorar maneiras de reduzir o preço dos produtos com práticas sustentáveis ou oferecer incentivos e parcerias que tornem essas opções mais viáveis para um público mais amplo.
Além disso, o engajamento digital pode ser uma ferramenta poderosa para aproximar o consumidor do ESG. “A pesquisa mostrou que uma parcela significativa dos consumidores estaria mais inclinada a adotar práticas sustentáveis se tivesse acesso a mais conteúdos interativos, como vídeos educativos ou informações sobre o impacto das escolhas no meio ambiente e na sociedade, essa é uma das metas que temos no Capitalismo Consciente Brasil em termos de formação de lideranças, com o Academy CCB“, reforça Bethlem. “As redes sociais e influenciadores alinhados com os valores ESG podem também desempenhar um papel fundamental nesse processo.”, completa.
É crucial que as empresas demonstrem um compromisso autêntico com o ESG, integrando essas práticas ao seu propósito de marca de forma genuína e constante. “O greenwashing prejudica a confiança dos consumidores, mas ações concretas e consistentes podem ajudar a reconquistar essa confiança e estimular a adoção de práticas mais conscientes na hora da compra”, finaliza Bethlem.
Se as empresas adotarem essas soluções, poderão não só melhorar a percepção dos consumidores sobre a importância do ESG, mas também contribuir para um futuro mais sustentável e responsável no mercado de consumo.