A Capri Holdings, controladora da Michael Kors e Jimmy Choo, anunciou a conclusão da venda da grife italiana Versace para o grupo de moda de luxo Prada. A transação, que havia sido divulgada em abril, foi finalizada nesta terça-feira (2) por US$ 1,375 bilhões (cerca de R$ 7,28 bilhões), pagos em dinheiro e sujeitos a ajustes finais.
O negócio enfrentou dificuldades para ser concluído devido à instabilidade nos mercados causada pelas tarifas comerciais impostas pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump. Essas tarifas aumentaram os custos de aquisição de matérias-primas e intensificaram os temores de recessão, afetando o setor de luxo.
A venda da Versace, que foi adquirida pela Capri Holdings em 2018 por US$ 2,1 bilhões, é estratégica para a vendedora. John D. Idol, CEO da Capri Holdings, afirmou que os recursos serão utilizados para quitar a maior parte da dívida da empresa, o que fortalecerá substancialmente seu balanço patrimonial.
A companhia espera que a transação reduza significativamente seu índice de alavancagem e proporcione maior flexibilidade financeira para investir no crescimento de suas outras marcas icônicas, Michael Kors e Jimmy Choo. O objetivo da Capri é estabilizar seus negócios neste ano fiscal e estabelecer uma base sólida para a retomada do crescimento no ano fiscal de 2027.
A Prada havia informado inicialmente que financiaria a compra com cerca de US$ 1,6 bilhão em novos empréstimos. No entanto, a incerteza comercial e a queda no valor de mercado da Capri Holdings — que chegou a cair para US$ 1,5 bilhão em meio às oscilações das bolsas americanas — permitiram que a Prada negociasse a redução do preço da aquisição, que caiu de uma estimativa inicial de US$ 1,6 bilhão para os US$ 1,375 bilhão finais.
As especulações sobre a venda ganharam força após a estilista Donatella Versace, que assumiu a direção criativa da marca após a morte de seu irmão Gianni em 1997 e liderou a venda anterior para a Capri, anunciar sua saída do cargo em março. A Capri chegou a buscar mais de US$ 3 bilhões pela marca antes da saída de Donatella impactar as negociações.
Em um comunicado oficial, a Prada assegurou que a Versace manterá seu DNA criativo e autenticidade cultural, enquanto se beneficiará da força da plataforma consolidada do grupo, que inclui capacidades industriais, execução de varejo e expertise operacional.
Vale lembrar que a Capri Holdings tem tentado vender seus negócios há anos; um acordo anterior de US$ 8,5 bilhões para ser adquirida pela Tapestry (dona da Coach) fracassou em 2024 após a Comissão Federal de Comércio (FTC) argumentar que a transação reduziria substancialmente a concorrência entre fabricantes de bolsas de luxo.
