Carne dispara nos EUA e atinge máxima histórica

Os preços da carne bovina nos Estados Unidos alcançaram máximas históricas em julho, resultado da combinação de estoques domésticos em baixa e tarifas de importação implementadas pelo governo de Donald Trump.

Segundo dados do Departamento de Estatísticas de Trabalho (BLS), o índice de carne bovina e vitela subiu 2,5% em julho, acumulando uma alta de 11,3% nos últimos 12 meses. O preço médio da carne moída atingiu US$ 6,34 por libra (cerca de R$ 76 por quilo), enquanto o de bifes crus chegou a US$ 11,88 por libra (R$ 143/kg), ambos valores recordes.

O cenário de preços elevados impulsionou as exportações de proteína animal do Brasil para os EUA. Nos primeiros seis meses de 2025, o país enviou um volume recorde de 157 mil toneladas ao mercado americano, gerando uma receita de US$ 791 milhões, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior.

Dados do Departamento de Agricultura (USDA) apontam que o rebanho bovino americano recuou para 94,2 milhões de cabeças, o menor número desde 2020. A produção de carne também deve cair para 31,1 bilhões de libras em agosto de 2026, seu nível mais baixo desde 2019.

A escassez é um dos principais fatores por trás da alta de preços. “A força recente dos preços e a resiliência da demanda sustentam a valorização do gado, e isso está sendo carregado para 2026″, informou o USDA. O cenário é agravado pela decisão do governo Trump de impor tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras, que representaram 27% das importações de carne bovina dos EUA em 2025.

O USDA já cortou suas projeções de importação para 2025 e 2026, citando “menores embarques devido às tarifas mais altas, particularmente do Brasil”.

A ausência da carne brasileira, especialmente a magra, cria um problema de abastecimento para as indústrias americanas. Ao jornal Wall Street Journal, o CEO da JBS USA, Wesley Batista Filho, alertou que não há substitutos imediatos para o fluxo de carne do Brasil. “Austrália e outros exportadores não têm volume suficiente para cobrir essa lacuna”, afirmou.

A falta de cortes magros, essenciais para a produção de hambúrgueres, está forçando redes de fast-food a usarem cortes nobres do gado americano para a carne moída, o que pode encarecer também bifes e outros cortes. Batista Filho foi direto: “Esse lean vai ter que vir de algum lugar. As coisas vão ter que se ajustar“. O cenário aponta para uma intensificação da disputa por esses cortes no mercado americano, o que deve manter a pressão sobre os preços.

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