CEO do Bradesco espera transição tranquila no Banco Central

Presidente Lula tem criticado gestão de Campos Neto à frente do Banco Central

O presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, afirmou que espera uma transição de comando do Banco Central “equilibrada e tranquila”, apesar das críticas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Noronha comentou com jornalistas após um debate com presidentes de bancos: “Tem gente que se perturba mais com isso. Eu não estou perdendo meu sono com isso, não.”

Questionado sobre a situação de desvalorização do real frente ao dólar, Lula afirmou que o titular do Banco Central é um adversário. “O presidente do Banco Central é um adversário político, ideológico e adversário do modelo de governança que nós fazemos. Ele foi indicado pelo governo anterior e faz questão de dar demonstração de que não está preocupado com a nossa governança, ele está preocupado é com o que ele se comprometeu”, declarou Lula.

Essa não é a primeira vez que Lula critica abertamente Campos Neto. As reclamações contra o presidente do Banco Central começaram logo no início do terceiro mandato de Lula, que nunca concordou com o patamar elevado das taxas de juros no Brasil.

Vale lembrar que o mandato de Campos Neto acaba em 2024 e que, desde 2021, a legislação brasileira determina a autonomia do Banco Central, que deve tomar suas decisões sem interferência política.

Perguntado sobre a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve os juros, Marcelo Noronha avaliou que o documento não trouxe diferenças significativas em relação ao comunicado final da reunião, que mostrou uma decisão unânime entre os dirigentes do Banco Central. “Eu acho que ela não saiu nada de diferente. Houve uma mudança da taxa neutra para 4,75%, mas o tom foi o mesmo, não mudou nada”, disse o presidente do Bradesco.

Noronha afirmou que não trabalha com a perspectiva de os juros voltarem a subir no Brasil. A leitura da comunicação recente do BC, disse ele, é que não parece ter essa vontade na instituição, que está optando por segurar a taxa e ver o comportamento das variáveis daqui para a frente.

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