Em painel promovido pelo Associação do Alumni Brasil da INSEAD Business School, executivos discutem papel do Chief of Staff (CoS) como o agente “que ninguém vê”, mas que atua de forma estratégica nos bastidores do ambiente corporativo, sendo o ‘elo’ entre lideranças e equipes; função cresce no Brasil, apoiada pela atuação da CSA (The Chief of Staff Association)
Um C-Level ‘invisível’ mas fundamental e estratégico, que atua nos bastidores, longe dos holofotes, sendo crucial para o sucesso do negócio. É assim que o Chief of Staff vem sendo visto, e ganhando cada vez mais espaço nas estruturas corporativas brasileiras e globais, acompanhando uma tendência mundial de profissionalização da gestão executiva. O tema foi o foco do evento IAAB Career Talks, realizado na manhã desta quinta-feira (13), na sede da Bain & Company, em São Paulo.
Promovido pela IAAB – Associação do Alumni da INSEAD Business School, em parceria com a CSA (The Chief of Staff Association) – entidade global dedicada à formação e ao fortalecimento da comunidade de Chiefs of Staff em mais de 75 países. O encontro reuniu executivos que atuam e já atuaram como CoS em diferentes setores para debater os desafios e oportunidades da função. Participaram do painel Erick Kluft (Diretor Executivo de Negócios da Prudential do Brasil), Thaís Kauffmann (Chief of staff na AstraZeneca para a América Latina), Vincent Mariette (Chief of Staff na CNP Assurances Latin America) e Pedro Dias (Co-Founder & Managing Partner da Canastra Ventures). A moderação foi conduzida por Gustavo Pacheco, Chief of Staff do Google Cloud Latin America.
“O Chief of Staff precisa lidar com tudo o que ninguém vê — e é exatamente isso que faz o trabalho funcionar. Nosso papel é conectar pessoas, reduzir ruídos e transformar o que está no papel em movimento real dentro da empresa. Muitas vezes, somos a ponte que garante que líderes e equipes falem a mesma língua. No fim, o CoS não é sobre aparecer, é sobre fazer com que as coisas aconteçam”, afirmou Gustavo Pacheco, Chief of Staff do Google Cloud Latin America, que conduziu a moderação do painel.
“O trabalho do CoS é, por natureza, de bastidores e muitas vezes invisível, já que o grande protagonista da organização é o CEO. Como exerce liderança sem autoridade formal sobre as áreas, o Chief of Staff precisa influenciar por meio de relacionamento, comunicação e leitura precisa de pessoas e contextos. Investir em soft skills e desenvolver uma visão holística do negócio é essencial para alinhar prioridades e garantir que a estratégia corporativa se torne prioridade para toda a organização”, resumiu Thaís Kauffmann, da AstraZeneca, durante o encontro.
Para Erick Kluft, da Prudential, o CoS deve ser um “termômetro” do que está acontecendo na empresa, de como está o clima organizacional, do que as pessoas pensam sobre situações, porque determinado projeto não avança. “Para isso, além de conhecer a organização ‘de ponta a ponta’, é preciso circular pela empresa, conversar com todos, desde a funcionária da copa, passando por analistas e pessoas da alta gestão”, ensina.
Outro ponto importante para esse profissional, destacado por Vincent Mariette, da CNP, é que o CoS deve “filtrar as informações que chegam até o CEO, para não sobre carregá-lo e manter o foco dele e da organização”, garantindo que aquilo que chega até a mesa dele seja “o que realmente importa”. “É fundamental estar sempre atualizado, saber o que mudou, qual é o momento atual”, recomenda o executivo.
Para muitos em início de carreira, o cargo representa um verdadeiro “MBA remunerado”, um caminho de formação executiva acelerada que prepara profissionais para posições de liderança e governança. “A ascensão do Chief of Staff no Brasil reflete uma nova cultura de gestão, mais integrada, colaborativa e baseada na confiança”, destaca Carolina Laboissiere, Diretora Regional da CSA (The Chief of Staff Association) para o Brasil e América Latina.
Chief of Staff também está em alta nas startups
Nas startups, onde a velocidade é fator crítico, o papel do Chief of Staff é ainda mais determinante: cabe a ele blindar os fundadores de ruídos e informações dispersas, garantindo entregas estratégicas e comunicação fluida entre áreas. “Operar em todas as camadas e construir confiança é essencial. O filtro não é sobre esconder, mas sobre direcionar com clareza o que é prioridade”, reforçaram os painelistas.
Para Pedro Dias, ex-Chief of Staff e cofundador da Canastra Ventures, trazer um Chief of Staff ainda no início não é luxo, é alavanca operacional. Em um momento em que cada decisão pesa, o CoS libera o fundador para focar no que realmente importa, produto, clientes e capital, enquanto absorve complexidade, cria cadência operacional e reduz ruídos internos. Na prática, startups que adotam essa função mais cedo ganham clareza, velocidade e capacidade de execução que as coloca à frente dos concorrentes.
Segundo dados recentes, 9 em cada 10 startups brasileiras encerram as atividades em até cinco anos, mas a presença de um Chief of Staff pode ser o “divisor de águas” para atravessar essa fase crítica com mais eficiência e sustentabilidade. O Chief of Staff tende a assumir, no futuro, a coordenação da estratégia de IA nas organizações, atuando como a principal interface com a tecnologia, desde o design até a implementação.
Sobre a CSA (The Chief of Staff Association) (www.csa.org) – Fundada em 2020, é a maior associação internacional para Chiefs of Staff de grandes corporações, governo e outras entidades, representando membros que ocupam posições de influência em mais de 75 países. Seus CoS associados atuam em diversos setores, em algumas das empresas mais proeminentes do mundo – entre elas: Google, Deloitte, Salesforce, governo dos EUA, entre outras.
