A China anunciou, na terça-feira, a proibição das exportações para os Estados Unidos de itens relacionados aos minerais gálio, germânio e antimônio, que possuem potenciais aplicações militares. A medida foi tomada um dia após Washington intensificar restrições ao setor de chips chinês.
De acordo com uma diretriz do Ministério do Comércio, a decisão inclui itens de uso duplo, com aplicações militares e civis, e foi justificada por preocupações de segurança nacional. A ordem, com efeito imediato, também impõe uma revisão mais rigorosa do uso final de produtos de grafite exportados para os EUA.
As restrições intensificam os controles já existentes sobre a exportação de minerais essenciais, que Pequim começou a implementar no ano passado, mas desta vez são direcionadas exclusivamente ao mercado dos Estados Unidos. A medida marca mais um capítulo na escalada das tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo, ocorrendo pouco antes da posse do presidente eleito Donald Trump.
Dados da alfândega chinesa mostram que não houve remessas de germânio ou gálio trabalhados ou não para os EUA neste ano até outubro, embora tenham sido o quarto e o quinto maiores mercados para os minerais, respectivamente, um ano antes.Gálio e germânio são usados em semicondutores, enquanto o germânio também é usado em tecnologia infravermelha, cabos de fibra óptica e células solares.
No ano passado, a China foi responsável por 48% do antimônio extraído globalmente, que é usado em munições, mísseis infravermelhos, armas nucleares e óculos de visão noturna, bem como em baterias e equipamentos fotovoltaicos. Este ano, a China foi responsável por 59,2% da produção de germânio refinado e 98,8% da produção de gálio refinado, de acordo com a consultoria Project Blue.
Donald Trump, cujo primeiro mandato foi marcado por uma intensa guerra comercial com a China, anunciou durante sua campanha presidencial que pretende impor tarifas de 10% sobre produtos chineses e considerou tarifas de até 60% sobre importações do país.
Enquanto isso, na terça-feira, diversos grupos industriais chineses incentivaram seus membros a priorizarem a compra de semicondutores produzidos domesticamente. Um desses grupos afirmou que os chips dos Estados Unidos não são mais seguros nem confiáveis, reforçando o impacto das crescentes tensões econômicas entre as duas nações.
*Com informações da Reuters