O Citi Brasil encerrou o primeiro semestre de 2025 com um lucro líquido recorde de R$ 1,3 bilhão, um aumento de 45% em relação ao mesmo período do ano anterior. O desempenho elevou o retorno sobre o patrimônio líquido (ROAE) do banco de 14% para 20%, superando as projeções internas.
O resultado expressivo, segundo o presidente do banco, Marcelo Marangon, foi impulsionado por um aumento na receita de operações que atendem ao dia a dia das empresas, como câmbio, derivativos, gestão de caixa e pagamentos. Isso permitiu que o banco dependesse menos de atividades mais sensíveis à economia, como fusões e aquisições e ofertas de ações. “Normalmente, um ROE normalizado para nós era na casa dos 17%, 18%”, ressaltou o executivo.
Apesar da alta lucratividade, a carteira de crédito, focada exclusivamente em clientes corporativos no Brasil, manteve-se estável em R$ 49 bilhões. Marangon explicou que a cautela se deveu ao cenário de juros altos e às incertezas provocadas pelo “tarifaço” imposto pelo governo de Donald Trump. “Tivemos menor demanda de clientes, por juro alto e um pouco de incerteza em relação à questão das tarifas, que gerou postergação de investimentos”, afirmou.
Ainda assim, o banco registrou crescimento em outras áreas. Os depósitos expandiram 17% em relação ao ano anterior, alcançando R$ 84 bilhões. Os ativos, por sua vez, tiveram uma queda de 11% para R$ 189 bilhões, mas o banco esclarece que a redução se deve a uma reclassificação de ativos determinada pelo Banco Central, e que sem essa mudança, o crescimento teria sido de 4%. A inadimplência se manteve em um patamar baixo de 0,8%, reflexo da estratégia de ser “muito seletivo na adição de novos clientes”.
Para o segundo semestre, a expectativa do Citi é de um cenário ainda mais desafiador. Com a taxa de juros em 15%, o banco não prevê um aumento na demanda por crédito e se mantém cauteloso. Marangon sinalizou que grandes operações de fusões e aquisições estão em andamento, mas o desfecho pode ficar para 2026. Já as ofertas de ações, segundo o executivo, só devem retomar no início de 2026. O Brasil é um dos cinco maiores mercados do Citi globalmente, e o banco planeja continuar a crescer na casa de dois dígitos anualmente.
Marangon analisou o impacto das tarifas americanas na economia brasileira, prevendo efeitos mais pontuais do que macroeconômicos. Ele estimou que o impacto anual no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil seria de 0,3 a 0,4 ponto percentual, já que as exportações para os EUA representam cerca de 11% a 12% do total. Setores como café, proteína e siderurgia podem ser mais afetados, mas o presidente do Citi não vê um impacto relevante para o banco.