A presença de mulheres na liderança no mercado de trabalho é algo que vem crescendo com o passar dos anos, mesmo que de maneira lenta. No Brasil, as mulheres ocupam apenas 29% dos cargos de liderança na indústria, conforme aponta o estudo realizado em março deste ano pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Quando analisadas empresas de tecnologia, a presença é ainda menor, já que, segundo as consultorias KPMG e Harvey Nash, somando todos os países da América Latina, apenas 16% das empresas de tecnologia na América Latina possuem mulheres em cargos de liderança. Esse dado reforça a ideia pré-concebida de que o segmento tech ainda é ocupado majoritariamente por homens.
Porém, há empresas que se destacam quando o assunto é igualdade de gênero, como é o caso da Tecnofit, principal plataforma de gestão fitness do Brasil que detém a maior fatia do mercado nacional. A empresa, que foi fundada por homens, possui o total de 50% de mulheres ocupando cargos de supervisoras, gerentes e coordenadoras.
Essa presença forte de mulheres nesses cargos é tido como algo natural, como reforça Elisa Morgenstern, coordenadora de produtos (PLG), da empresa. “O cargo de liderança na minha área foi oferecido por conta da capacidade que demonstrei enquanto era Product Manager. Foi um processo muito natural em que a empresa enxergou uma oportunidade de negócio junto com minha capacidade de liderar e, com isso, construímos essa nova posição em que atuo hoje. É uma relação de confiança e parceria, buscando tanto o crescimento da empresa quanto do colaborador”, comenta.
Esse olhar apurado em relação a capacidade dos colaboradores foi algo que Ana Galvão, coordenadora de suporte, também testemunhou quando chegou na empresa. “Em meados de 2019 descobri que o que me brilhava os olhos era liderar. Comecei a liderar minha célula e meus pares ainda em outra empresa e, com muito estudo e muito apoio da minha líder da época, passei a liderar diretamente uma equipe de 8 pessoas. Hoje estou em uma nova posição de coordenação em uma empresa diferente, com um time duas vezes maior do que o anterior, e que me selecionou para a posição por conta da experiência que tive com a liderança anteriormente”, destaca Ana.
A responsabilidade e o comprometimento que envolve liderar é algo que requer muita capacidade para superar os inúmeros desafios que surgem durante o percurso, porém, isso não é algo que deve desmotivar novas líderes no mercado, e sim, devem servir como incentivo, como ocorreu com Thays Mohr, head de people da Tecnofit.
“Somos desafiados enquanto pessoas e profissionais de forma contínua, e o ingrediente principal para evoluir está justamente em ter clareza de que você precisa se desenvolver. Os desafios mudam ao longo da trajetória. No início é necessário desapegar de executar diretamente as tarefas e aprender a delegar de forma assertiva, o que não é fácil, pois normalmente é a boa capacidade de execução que leva um especialista ao cargo de liderança. Este desapego passa pelo aprendizado de uma nova forma de gerir o seu tempo, de conhecer mais de estratégia e em como construir pontes e aliados nas diferentes áreas”, diz Thays Mohr, que também destaca que o papel é gratificante quando se tem a oportunidade de colher o que foi plantado e presenciar o desenvolvimento do seu time.