O Brasil tem em operação 20 usinas de etanol de milho, das quais 11 estão localizadas em Mato Grosso, seis em Goiás, mais Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná com um cada. Outras nove usinas estão projetadas ou já com calendário de implantação aprovado nos estados de Mato Grosso, Tocantins, Bahia, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, unidades que devem produzir etanol de milho e também de outros cereais.
A Região do Cerrado concentra 70% da produção nacional de milho, que na safra 2022/2023 foi de 4,39 milhões m3 e pode alcançar 10,88 milhões m3 na safra 2031/2032, de acordo com o IMEA (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária).
Com uma tonelada de milho, é possível produzir 440 litros de etanol, 221,9 kg de grãos de destilaria (os DDGs, usados na dieta animal), 16,9 kg de óleo de milho e ainda co-gerar 42,2 KWh de bioeletricidade com o uso de 424 kg de cavaco de madeira de eucalipto.
Um estudo publicado na revista Nature sobre os impactos socioambientais do etanol de milho de segunda safra no Brasil aponta que a pegada de carbono do biocombustível é de 20 g CO2 eq/MJ, enquanto a da gasolina é 87,4 g CO2 eq/MJ. “E quando incorporamos todo o ciclo de vida do etanol de milho de segunda safra, podemos chegar a uma pegada de 9,5 g CO2 eq/M”, afirma Nolasco. “Essa produção tem um enorme potencial para as estratégias de transição energética e descarbonização da matriz de mobilidade do nosso país.” De acordo com projeções do setor energético, a produção do etanol de milho deverá evitar a emissão de até 10 milhões de toneladas de carbono em 2030.
A produção em escala do etanol de milho em Mato Grosso também tem transformado a dinâmica de uso do solo: as áreas de pastagens para a pecuária extensiva estão dando lugar às lavouras de grãos e às florestas plantadas. A área com a pecuária é reduzida, porém o uso se torna mais intensificado – em 2008, a área de pastagem era de 25,49 milhões hectares, passando para 17,88 milhões hectares em 2021, enquanto o rebanho bovino cresceu de 25,93 milhões para 32,77 milhões de cabeças, de acordo com o Imea.
Além disso, a proporção de bovinos abatidos com menos de 36 meses passou de 48,9% em 2005 para 72% em 2023, segundo dados do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso. Lembrando que parte do bom desempenho se deve aos DDGs como ração animal, reduzindo o ciclo do boi e liberando áreas de pastagem de baixa produtividade para o cultivo de grãos.
Fonte: Embrapa