O consumo de café no Brasil cresceu 1,1% entre novembro de 2023 e outubro de 2024, mesmo com a alta nos preços após uma safra frustrada, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). No período, o país consumiu 21,9 milhões de sacas, contra 21,68 milhões no ciclo anterior.
Maior produtor e exportador global, o Brasil segue como o segundo maior consumidor de café do mundo. Apesar dos desafios na colheita, a indústria do café torrado registrou um aumento de mais de 60% no faturamento interno, impulsionado pelo repasse de preços ao consumidor.
O volume consumido no país representa 40,4% da safra estimada para 2024 pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que prevê uma colheita de 54,21 milhões de sacas. No período anterior, o consumo interno equivalia a 39,4% da produção nacional.
Embora os números de safra de café de fontes governamentais sejam vistos como subestimados, já que somente a exportação do Brasil superou 50 milhões de sacas em 2024, segundo dados do conselho de exportadores Cecafé, o aumento do percentual consumido em relação à produção nacional dá uma ideia do balanço de oferta e demanda mais apertado.
O faturamento da indústria de café torrado no Brasil atingiu R$ 36,82 bilhões em 2024, um salto de 60,85% em relação ao ano anterior, impulsionado pela alta nos preços ao consumidor, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). O monitoramento da entidade fiscal, baseado em três milhões de notas coletadas mensalmente, reflete o impacto do encarecimento da matéria-prima no varejo.
A valorização do café cru nos mercados globais desde o início de 2024, resultado de problemas na safra brasileira e no Vietnã — maior produtor de grãos da variedade canéfora —, pressionou os custos da indústria local, que repassou parte do aumento ao consumidor.
Segundo a Abic, o preço médio no varejo dos cafés especiais sofreu um aumento de 9,80%, quando comparado o período de janeiro de 2024 com dezembro do mesmo ano; na categoria de cafés gourmets, a alta foi de 16,17%; enquanto nos tradicionais e extrafortes o avanço foi de 39,36%. Mas a Abic ressaltou que o custo da matéria-prima, nos últimos quatro anos, aumentou mais do que no varejo, subindo 224% e 110%, respectivamente.
A variação do café tradicional nos supermercados, contudo, foi mais forte do que a registrada em alguns produtos da cesta básica, como leite (+18,4%), arroz (+15%) e óleo de soja (+26,6%), relatou a Abic.