Adaptação – como infraestrutura verde, soluções baseadas na natureza, aumentando a capacidade da natureza e tornando as cidades mais resilientes aos eventos climáticos extremos.
Exemplo: Proteger e restaurar sistemas naturais em áreas costeiras, como manguezais, ajuda a proteger de eventos extremos.
Outras iniciativas: regeneração de ecossistemas degradados, investimentos em parques públicos e áreas verdes, restauração florestal de áreas degradadas.
Afinal, mais de 97% de toda a perda de vegetação nativa no Brasil nos últimos seis anos ocorreu por pressão da agropecuária. Outros vetores têm peso distinto de acordo com o bioma. No caso do garimpo, por exemplo, 99% de toda área desmatada por essa atividade está localizada na Amazônia. Já no caso de desmatamentos associados aos empreendimentos de energia renovável desde 2019, 93% deles estão concentrados na Caatinga. O Cerrado, por sua vez, concentra 45% da área desmatada relacionada à expansão urbana em 2024 (MapBiomas, 2025).
Por tudo isso, monitorar o desmatamento é essencial para acompanhar as mudanças climáticas que afetam o dia a dia e a economia nacional. Isso porque a segurança climática vai além da proteção ambiental, ela também é proteção social e econômica. E, mesmo o desmatamento legal, com autorização, pode ter impactos ambientais, como a perda de biodiversidade, o aumento das emissões de gases de efeito estufa e a alteração do ciclo hidrológico.
Pelo lado da mitigação, temos a transição para energias renováveis e a redução de gases do efeito estufa.
Mesmo assim, a expansão de energias renováveis precisa ser feita em áreas de processo de desertificação, degradadas ou que precisam de recomposição florestal e, não, em refúgios da biodiversidade, ou que desmatam extensas áreas de vegetação nativa para dar lugar às fazendas solares, como os dilemas enfrentados pela Caatinga, único bioma totalmente brasileiro que tem puxado o crescimento das matrizes eólicas e fotovoltaicas, mas sem a devida consideração de seus impactos sobre o território. (Damasio, 2024).
Para uma transição energética justa e inclusiva, um processo de licenciamento rigoroso se faz necessários, uma vez que os processos simplificados, além de superficiais, não consideram efetivamente como as comunidades serão afetadas. Dado que:
◦ A biodiversidade afeta quase todos os aspectos da vida humana, desde a segurança no emprego, a saúde básica até a salvação do planeta para as futuras gerações;
◦ Mais da metade do produto interno bruto (PIB) mundial depende da natureza. ¾ de todos os tipos de culturas alimentares – frutas, vegetais, café e amêndoas, por exemplo – requerem polinização animal;
◦ Certa de metade da população global depende principalmente de medicamentos naturais e a maioria dos medicamentos usados para tratar o câncer são naturais ou modelados segundo a natureza;
◦ Portanto, há uma relação direta entre a biodiversidade e alguns aspectos muito básicos da sobrevivência, onde a biodiversidade nativa é alta, por exemplo, a taxa de infecção por algumas doenças zoonóticas é mais baixa;
◦ Proteger os habitats naturais e a vida selvagem também é uma forma de ajudar a nos proteger;
◦ A biodiversidade é a base para ecossistemas saudáveis e ecossistemas saudáveis capturam e armazenam gases de efeito estufa e mitigam as mudanças climáticas, enquanto ecossistemas danificados liberam carbonos e se agregam a eles.
Logo, em um mundo cada vez mais interconectado, não podemos mais nos dar ao luxo de construir políticas isoladas. Para alcançar o desenvolvimento sustentável, os formuladores de políticas e decisões precisam criar sistemas integrados que levem em consideração as compensações e sinergias entre diferentes domínios de política.
Nisso, o crescimento econômico não pode ser perseguido separadamente de um ambiente saudável ou bem-estar social. Caso contrário, não será justo e nem inclusivo.
Os modelos econômicos devem levar em consideração a conta das mudanças climáticas, a perda da biodiversidade, a diminuição natural de recursos e seu impacto na sociedade, onde a premissa “nada sobre nós, sem nós” seja verdadeira e levada sério.
O mundo está de olho no Brasil e na Amazônia e, não, podemos perder a oportunidade de fortalecer nossa democracia, por meio de instituições públicas fortes, confiáveis e competentes, com total liberdade de rejeitar projetos, com bases técnicas fundamentadas.
Até mesmo o porquê, se queremos financiamento, precisamos mostrar nossa capacidade de gerenciar adequadamente nossos ativos ambientais, pois os passivos, as três crises planetárias – aquecimento global, perda da biodiversidade e poluição – já dão conta de mostrar o tamanho do desafio que temos pela frente.
“Quando trabalhamos com a natureza, ela nos apoia. Quando trabalhamos contra a natureza, desmontamos o próprio sistema que nos protege”. Carlos Nobre Amazônia 4.0: um novo paradigma de desenvolvimento sustentável”.
Referências:
Damasio, K. Caatinga vive o dilema da transição energética justa. Jornalismo ambiental: 25/01/2024. https://oeco.org.br/reportagens/caatinga-vive-o-dilema-da-
transicao-energetica-justa/
MapBiomas. Desmatamento caiu em quase todos os biomas brasileiros em 2024. 15/05/2025. https://brasil.mapbiomas.org/2025/05/15/mapbiomas-
desmatamento-caiu-em-todos-os-biomas-brasileiros-em-2024/