As dificuldades na região norte do país e os desafios enfrentados pelas populações da floresta em relação ao desafio da energia foram alguns dos temas abordados no evento sobre energia realizado durante a COP28, nesta segunda-feira (4). Segundo Tatiana Cymbalista, especialista no tema e sócia da Manesco, Ramires, Perez, Azevedo Marques Sociedade de Advogados, que acompanha o evento presencialmente, o debate aponta para novas soluções na região. As PCHs (pequenas centrais hidrelétricas), deixaram de ser apontadas como única ou melhor solução, por dependerem intensamente do fluxo de água em uma região que já estressada pela ausência da água e pela desregulação dos ciclos naturais da água.
“A energia solar tem sido frequentemente apontada como uma alternativa mais razoável, pois não depende de rasgar a floresta com linhas de transmissão e pode ser feita em uma escala mais local (pois não depende das linhas de transmissão). Existem projetos neste sentido que precisam ganhar tração, pois hoje ainda há dependência dos combustíveis fósseis e das hidrelétricas”, diz Cymbalista.
Como observou Tasso Azevedo, toda a região que já teve uma perda muito relevante de água. Ao todo, a Amazônia perdeu em média 9% de sua superfície de água em – 1,5 mi de hectares de superfície de água nos últimos 35 anos. De 16,6 mil hectares em 1985 para 15 mil hectares em 2021. “Pensar em usar a água para produzir energia, nesse contexto, representa uma complexidade a mais que precisa ser equacionada quando se procura a universalização do acesso à energia. O cobertor é curto: não adianta cobrir um lado e descobrir o outro”
Tatiana Cymbalista também este presente em outro evento, o encontro dos governadores que integram o Consórcio Amazônia legal, para o lançamento do Plano Estratégico para economia de baixo carbono. Além da discussão de uma meta de redução de desmatamento líquido zero até 2030. O evento teve a liderança e participação de Helder Barbalho, governador do Pará.
“Foi ressaltada a importância de e olhar para a população desta região para muito além da proteção ambiental, o que inclui resolver questões de infraestrutura e desigualdade. Além disso, foi ressaltada a importância da regularização fundiária como instrumento ao combate ao desmatamento e incêndios, uma forma indireta de empoderar os proprietários da região e impedir a proliferação de desmatamento e incêndios”, avalia Cymbalista.