Com o objetivo de fornecer maior segurança alimentar para a população, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (CREA-GO) investiu na implementação de uma solução de inteligência geográfica que permitiu, em três meses, uma ampliação de 87% no monitoramento da produção agrícola em quatro municípios do estado que corresponde a uma área de agricultável de aproximadamente 978 mil hectares. A estratégia, agora, é ampliar o projeto de monitoramento para todo o Goiás nas principais culturas, como soja, milho, algodão, cana de açúcar e outras. Em parceria com a Imagem Geosistemas e utilizando as tecnologias da Vega Monitoramento, empresa do Grupo Imagem voltada para o agronegócio, o CREA-GO agora tem à sua disposição instrumentos e tecnologias inovadoras, que agilizam o processo de fiscalização de maneira remota, indicando aos tomadores de decisão os locais com maior probabilidade de irregularidade.
Foram monitoradas as cidades de Rio Verde, Itumbiara, Vianópolis e Uruaçu no projeto piloto, onde 926 mil hectares foram detectados com cultura semeada no campo, através das ferramentas de sensoriamento remoto, e os resultados são expressivos. O CREA-GO detectou que, na área avaliada, para a cultura de milho na segunda safra por exemplo, sendo está a maior cultura semeada no estado de Goiás neste período, foram detectados 415 mil hectares, que representam uma produção de 2,6 milhões de toneladas de milho, que saíram sem a proteção de um responsável técnico, controle dos agrotóxicos ou qualquer fiscalização de produção. Além disso, 87,43% da área monitorada no projeto piloto, independentemente de ter Cadastro Ambiental Rural (CAR) vinculado, não emitiu uma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) para a safrinha 2023.
Como funciona o monitoramento
A solução conflita os dados declarados pelos produtores – como, o que foi plantado, em que quantidade, qual defensivo agrícola foi utilizado, por exemplo – com os dados coletados pelas equipes de campo e os disponibilizados pela Receita Federal para que, assim, possa se ter uma visão mais ampla de todo plantio da região. Além disso, o sistema gera alertas automatizados de irregularidades, o que evita desperdício de tempo e recursos nos deslocamentos e vistorias de campo, gerando, também, economia de recursos públicos e resguardo na segurança dos fiscais.
Jeorge Frances Rodrigues, gerente do CREA- GO, conta que uma das principais preocupações da entidade com esse trabalho de fiscalização é garantir que os produtos sejam seguros para quem vai consumi-los. “Não podemos esquecer da importância do agronegócio para a saúde da população. Quando falamos em agricultura, temos que levar em conta que é um produto que vai direto para o prato das crianças, por isso ter um controle rígido de como esses alimentos são cultivados e comercializados é tão importante”, comenta.
A falta de profissionais em campo foi a principal motivação para que o CREA-GO buscasse alternativas menos onerosas e mais rápidas para esse controle de produção. Rodrigues explica que, por padrão, a fiscalização era feita por seis equipes de campo, que precisavam percorrer áreas muito extensas para chegar até as fazendas. “Eram muitas as dificuldades, desde a qualidade das estradas, até o custo de operação, o risco que os colaboradores corriam nas regiões mais ermas e a grande complexidade da malha viária. Como resultado, os fiscais não conseguiam encontrar os alvos e as fiscalizações eram sempre repetidas nos mesmos locais”.
Para superar essa dificuldade, a equipe do Conselho começou a planejar, em 2021, como realizar parte do serviço de maneira remota. A primeira opção foi fazer a checagem com os cartórios, mas havia um segundo problema: as divergências nas declarações de produção. Após entender que a solução de inteligência geográfica era a mais adequada para a demanda, o projeto começou a ser colocado em prática em outubro de 2022 e entrou em funcionamento no ano de 2023.
O gerente complementa que o aumento da fiscalização é algo benéfico em diversos sentidos. “Assim conseguimos abrir postos de trabalho no campo, aumentar as oportunidades de emprego para os agrônomos, fazer com que a produção seja mais segura para consumo e dar mais previsibilidade e segurança jurídica para os órgãos governamentais que fazem análises de produção”.
Samuel Campos, Diretor Executivo da Vega Monitoramento, explica que essa é uma solução com potencial para ser utilizada em todo território brasileiro para as principais culturas, como, soja, milho, algodão, cana de açúcar, café e etc. “Se levarmos em conta que o Goiás é o quarto produtor nacional de grãos, com uma produção em torno de 22,815 milhões de toneladas, o que representa 9,5% da produção de grãos no Brasil, podemos fazer uma projeção de que hoje centenas de milhares de toneladas de grãos sejam plantadas, comercializadas e entregues sem o devido monitoramento em nosso país”.
Sobre a Vega Monitoramento
Empresa do Grupo Imagem, que possui mais de 35 anos de pioneirismo e liderança no segmento de TI e Geotecnologia, a Vega Monitoramento nasceu em 2018 com o objetivo de rastrear a produção agrícola, atestando a sustentabilidade na cadeia produtiva do agronegócio. A agtech monitora, anualmente, mais de 48 milhões de hectares e já realizou mais de 5,5 milhões de análises de compliance socioambiental para os segmentos de negócios que atende, entre eles: tradings, agroquímicas, seguradoras, bancos, revendas, cooperativas, indústria e varejo.
Entre os serviços oferecidos pela empresa estão: o monitoramento agroclimático, a rastreabilidade de origem, o diagnóstico socioambiental, a inteligência territorial e a gestão de ativos ambientais focada no crédito de carbono e PSA para acelerar o Desenvolvimento Sustentável do Agronegócio. Para isso foi desenvolvida uma plataforma que suporta processos de negócios, avaliação de riscos e análises sobre a evolução das operações nos territórios, em um ambiente digital servido por ampla base de dados e inteligência analítica.
Imagem: Arquivo/Agência Brasil