Ao estudar o movimento do Capitalismo Consciente compreendemos que, negócios conscientes possuem 4 pilares fundamentais: um propósito maior, uma liderança consciente, uma cultura consciente e de orientação aos Stakeholders.
Diversos são os conceitos e definições relacionadas ao que seria um stakeholder. A definição de stakeholder mais aceita atualmente é a de Frreman (1984), segundo a qual stakeholders são grupos ou indivíduos que podem afetar ou ser afetados pela organização na realização de seus objetivos.
Nisso, o mapa de stakeholder parece fácil ao mostrar funcionários, compradores, fornecedores, acionistas, concorrentes, comunidade, governos, imprensa, como aqueles que podem afetar ou serem afetados pelas organizações na realização de seus objetivos, mas, hoje, não menos importante, não podemos deixar de considerar outro stakeholder igualmente importante, apesar de não humano, como é o caso do meio ambiente.
Isso mesmo, o meio ambiente, em meio a três crises globais (da emergência climática, da perda da biodiversidade e da poluição) tem sim seu papel preponderante nas estratégias corporativas, seja porque é afetado pela empresa, ou por afetar os negócios.
Em meio a comoção gerada pelas intensas chuvas do Rio Grande do Sul, quem pode mais afirmar não considerar o meio ambiente em seus processos decisórios? A água é um recurso cuja escassez, quanto pelo excesso, pode causar mortes e conflitos internacionais, além de prejudicar a biodiversidade e comprometer setores da economia.
De acordo com dados do Relatório Mundial sobre a Água de 2019 afirmam que cerca de 90% de todos os desastres naturais estão relacionados à água, enquanto 5% dos desastres naturais são causados pela seca.
Segundo o volume do sexto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas, as regiões da América do Sul e Central são consideradas altamente expostas, vulneráveis e fortemente impactadas pelas mudanças climáticas. A situação é agravada por fatores como desigualdade, pobreza, crescimento populacional, alta densidade demográfica, desmatamento e perda da biodiversidade, além de economias baseadas na produção de commodities. (Water Resilience Coaliton), 2022.
Isto porque, o ciclo da água está diretamente relacionado ao clima. Ao afetar o regime de chuvas, as mudanças climáticas influenciam na disponibilidade hídrica. A mudança do uso do solo também é um fator que influencia as mudanças climáticas – plantações irrigadas e florestas convertidas em pastagens diminuem o volume de água que corre para os rios.
Segundo o CDP (Carbon Disclosure Project), uma instituição de caridade, sem fins lucrativos que administra o sistema global de divulgação ambiental, a inação pode ter um custo 5X mais caro que investimentos em resiliência.
Para termos segurança hídrica, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), ela incorpora uma dimensão socioambiental, econômica e de estabilidade política. Para a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) a segurança hídrica envolve a dimensão humana, econômica, ecossistêmica (preservar ecossistemas) e de resiliência (vulnerabilidade – proteção contra desastres naturais). Isso envolve: governança, cooperação além das fronteiras, recursos, paz e estabilidade política.
A solução também passa pelo investimento em infraestrutura verde e Soluções baseadas na Natureza (SbN). Isso porque os ecossistemas precisam passar a ser vistos como uma infraestrutura crucial. A infraestrutura verde garante margem de tempo, no caso de secas e inundações, para evitar desastres.
Envolve conservação florestal, para proteger e melhorar o manejo de florestas; restauração ecológica, com o replantio de florestas e a restauração da vegetação natural; agricultura inteligente, com boas práticas agropecuárias; bacias hidrográficas saudáveis, com matas ciliares e áreas de preservação permanentes intactas, fornecendo habitat para plantas e animais, além da contribuição para a geração de serviços ecossistêmicos.
Por tudo isso, é fundamental que empresas façam parcerias com ONGs, startups, universidades e demais instituições a fim de unirem forças para alcançar um objetivo comum, com a missão de acelerar o progresso de mitigação e adaptação às mudanças climáticas e contra a crise global da água.
Referências Bibliográficas:
ANA. Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico.
CDP – Disclosure Insight Action.
Freeman, R. E. Strategic Management: A stakeholder approach. Marshfield, MA: Pitman, 1984.
SABEPS. Estratégias Resilientes. Capítulo 1. PDF. Data: 10/2021.
Water Resilience Coalition / Pacto Global Rede Brasil / The Nature Conservancy. Worshop “Rumos pela Resiliência”, 13/04/2022.