Cultivo de Soja conta com apenas 33,1% de cobertura de internet 4G ou 5G no Brasil

Cultivo de Soja conta com apenas 33,1% de cobertura de internet 4G ou 5G no Brasil

ConectarAGRO/Divulgação

Um estudo da ConectarAGRO, em parceria com a UFV (Universidade Federal de Viçosa), revela que apenas 33,1% das áreas de cultivo de soja no Brasil possuem cobertura móvel 4G ou 5G. Apesar do país ser líder mundial na produção e exportação dessa cultura, a infraestrutura de conectividade no campo ainda está longe de alcançar a totalidade do território produtivo, com desigualdades marcantes entre estados e regiões.

No cenário internacional, o Brasil segue como o principal fornecedor de soja para a China, seu maior parceiro comercial no agronegócio. A concorrência com demais países exportadores exige cada vez mais eficiência, qualidade e inovação por parte dos produtores brasileiros. Os números recentes mostram a força da produção nacional: de janeiro a abril de 2025, o país exportou 37,4 milhões de toneladas de soja, um crescimento de 1,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Somente em abril, foram embarcadas 15,3 milhões de toneladas, o segundo maior volume mensal da história, consolidando o protagonismo do Brasil no comércio global do grão.

A análise da ConectarAGRO mostra que os maiores índices de conectividade estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste do país. Estados como São Paulo e Paraná se destacam com 68,8% e 72% de suas lavouras de soja conectadas, respectivamente, o que têm impulsionado ganhos de produtividade e eficiência operacional. Nessas localidades, o uso de tecnologias como sensores, drones, plataformas de monitoramento em tempo real e automação de máquinas já é uma realidade em consolidação no cotidiano agrícola.

Por outro lado, o estudo alerta para um cenário desafiador em regiões como o Norte do país e o MATOPIBA, que compreende partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Nessas áreas, a cobertura de internet móvel nas áreas rurais ainda é pequena, em muitos casos inferior a 15%. Esse déficit limita a adoção de soluções digitais e impede que os produtores locais, especialmente os de pequeno e médio porte, tenham acesso às mesmas ferramentas tecnológicas disponíveis nas regiões mais conectadas.

“O campo brasileiro já provou sua capacidade de inovação. A limitação não está na tecnologia disponível, mas na infraestrutura de acesso. Conectar o campo é garantir que a evolução digital alcance todos os produtores, de todas as culturas, regiões e tamanhos”, diz Paola Campiello, presidente da ConectarAGRO.

Estados tradicionalmente agrícolas como Mato Grosso e Goiás, mesmo com forte presença de tecnologia no campo, ainda enfrentam gargalos importantes em infraestrutura digital. Mato Grosso, maior produtor nacional de soja, tem apenas 18% de sua área produtiva com acesso à internet móvel. Goiás e Mato Grosso do Sul apresentam cobertura de 23% e 19,8%, respectivamente. Já no Sul, o Paraná lidera, seguido por Santa Catarina (58,7%) e Rio Grande do Sul (46%).

O estudo também apresenta um panorama municipal que evidencia contrastes ainda mais profundos. Enquanto municípios como Pitangueiras (PR), Bernardino de Campos (SP) e Nova Boa Vista (RS) já contam com 100% de suas áreas de soja conectadas, outros como Fernando Falcão (MA), Novo Acordo (TO) e Macapá (AP) registram conectividade nula em lavouras com milhares de hectares cultivados. Essa disparidade revela um desafio: como garantir que a conectividade chegue também às novas fronteiras agrícolas em expansão, que têm grande potencial produtivo, mas carecem de infraestrutura básica.

A conectividade rural é elemento chave para a modernização da sojicultura. Sua presença está ligada à adoção da agricultura de precisão, ao monitoramento remoto das lavouras, ao uso racional de recursos e à gestão inteligente da produção. Produtores conectados conseguem integrar dados climáticos, operacionais e de mercado em tempo real, o que eleva a produtividade, reduz perdas e melhora a competitividade do Brasil no cenário global.

No mercado interno, a sojicultura também tem papel fundamental na geração de empregos e renda. O cultivo da soja passou de 214 mil para 479 mil empregos diretos entre 2012 e 2023, segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – USP), impulsionado pela expansão da área plantada e pela crescente profissionalização do setor.

A expansão da conectividade no campo deve gerar novas vagas, especialmente em funções técnicas e operacionais da agricultura digital, impulsionando o desenvolvimento socioeconômico nas regiões produtoras.

“O estudo reforça a importância de políticas públicas e de incentivos à expansão da infraestrutura digital no campo. A universalização da conectividade é urgente para reduzir desigualdades regionais, impedir o êxodo rural, estimular a inovação no agronegócio brasileiro, que tem potencial de ser ainda maior do que já é”, completa Paola.

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