O Carrefour Brasil oficializou a conclusão de seu processo de fechamento de capital com o cancelamento de seu registro de companhia aberta na categoria “B” junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A medida, comunicada ao mercado nesta terça-feira, encerra a trajetória das ações da unidade brasileira na B3, consolidando a reorganização societária que transformou a operação local em uma subsidiária integral de sua matriz, o Carrefour S.A., sediado na França.
Com a retirada das ações CRFB3 do pregão, os investidores interessados em manter exposição ao desempenho da gigante do varejo passam a contar exclusivamente com os Brazilian Depositary Receipts (BDRs). Negociados sob o ticker CAFR31, esses certificados representam as ações da matriz francesa listadas no exterior, permitindo que o acionista brasileiro acompanhe os resultados globais do grupo sem a necessidade de operar diretamente em bolsas estrangeiras.
O processo de despedida da bolsa brasileira envolveu uma etapa de escolha para os antigos detentores de papéis da unidade nacional. Entre o final de abril e meados de maio, os acionistas puderam optar por três caminhos: o recebimento integral do valor das ações em dinheiro, uma composição híbrida de numerário e BDRs, ou a conversão total de sua posição em BDRs da matriz francesa.
Com o cumprimento de todas as exigências regulatórias, o Carrefour Brasil simplifica sua estrutura de governança, alinhando-se integralmente às diretrizes da sede em Paris.
No cenário global, o Carrefour tem focado em dois pilares principais: a expansão de marcas próprias e a aceleração da digitalização. Na Europa, a empresa enfrenta uma inflação persistente que pressiona as margens de lucro, o que levou a matriz a adotar uma postura agressiva de corte de custos e eficiência operacional. O Brasil, que antes era uma unidade de crescimento isolada e com capital próprio na bolsa, agora passa a ser o motor de rentabilidade que sustenta o balanço consolidado em Paris, especialmente após a integração bem-sucedida do Grupo Big.
Para o investidor que migrou para os BDRs, os riscos e as oportunidades mudaram de natureza. Agora, além da performance operacional dos supermercados, entra na conta o risco cambial (Euro vs. Real) e a exposição a mercados maduros na Europa, que possuem taxas de crescimento mais lentas do que o varejo brasileiro. O mercado observa com atenção se essa centralização de capital em Paris resultará em dividendos mais robustos ou se o foco será o reinvestimento em novas tecnologias de automação e logística para competir com gigantes do e-commerce.
