A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) retomou o julgamento de ex-diretores do IRB-Brasil Resseguros S.A. (IRBR3), em um processo que apura graves irregularidades, incluindo a disseminação de informações falsas sobre um suposto investimento da Berkshire Hathaway, empresa do megainvestidor Warren Buffett.
O julgamento, no entanto, foi suspenso nesta terça-feira após um pedido de vista de Luis Felipe Marques Lobianco, que atua como diretor substituto. Antes da interrupção, o presidente interino da autarquia, Otto Lobo, votou pela absolvição dos acusados.
O caso remonta a fevereiro de 2020, quando o IRB enfrentava forte pressão após a gestora Squadra publicar relatórios questionando as práticas contábeis da companhia.
Na tentativa de estancar a queda das ações, circulou no mercado a notícia de que a Berkshire Hathaway teria triplicado sua posição na resseguradora. O desmentido oficial de Buffett veio apenas dias depois, em março de 2020, o que desencadeou uma crise de credibilidade e a descoberta de uma fraude financeira de centenas de milhões de reais.
Além da manipulação de mercado — pela qual o ex-diretor financeiro Fernando Passos já foi condenado a pagar R$ 20 milhões em 2024 —, o processo atual foca na acusação de “liberalidade” no pagamento de bônus. Segundo a área técnica da CVM, Passos e o ex-presidente José Carlos Cardoso teriam autorizado pagamentos que excederam o limite global de remuneração aprovado em assembleia, referente ao período entre 2019 e 2020. Os valores estariam ligados a bônus pela venda de participações em shopping centers.
A defesa de José Carlos Cardoso nega as irregularidades, alegando que o executivo foi surpreendido por documentos fraudados e que sua assinatura teria sido adulterada em atas de assembleia.
A defesa sustenta ainda que Cardoso não recebeu nenhum valor e atribui a responsabilidade exclusiva pelas irregularidades a Fernando Passos, classificando o episódio como uma “grande fraude” orquestrada pelo ex-CFO. Passos informou que se manifestará apenas ao fim do julgamento, enquanto o IRB preferiu não comentar o caso.









