O mercado de trabalho brasileiro registrou um marco histórico no trimestre encerrado em novembro de 2025. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgados pelo IBGE nesta terça-feira (30), a taxa de desocupação recuou para 5,2%. O índice representa o menor patamar de desemprego registrado no país desde 2012, consolidando uma tendência de aquecimento na economia nacional.
A queda no índice reflete uma redução significativa no volume de brasileiros em busca de colocação: o contingente de desocupados recuou para 5,644 milhões de pessoas, o menor número já contabilizado em toda a série histórica da pesquisa. Além da maior oferta de postos de trabalho, os indicadores apontam para um ganho real no poder de compra da população.
O montante representa uma alta de 1,8% em relação ao trimestre anterior e um crescimento expressivo de 4,5% na comparação anual, já descontados os efeitos inflacionários do período.
Um ponto fundamental para a análise é a composição dessa renda recorde de R$ 3.574. O crescimento de 4,5% acima da inflação em comparação ao ano anterior sugere que o mercado está mais apertado: com menos pessoas disponíveis para trabalhar (apenas 5,644 milhões de desempregados), as empresas são forçadas a oferecer salários mais competitivos para atrair e reter talentos. Esse aumento da massa salarial real funciona como um motor para o Produto Interno Bruto (PIB), já que o consumo das famílias tende a subir proporcionalmente ao aumento da renda.
Outro detalhe técnico relevante da Pnad Contínua do IBGE é a taxa de subutilização, que engloba não apenas quem está desempregado, mas também aqueles que gostariam de trabalhar mais horas ou que desistiram de procurar emprego (desalentados). Quando a taxa de desocupação cai para níveis tão baixos como 5,2%, é comum observar uma redução drástica também no desalento, pois a percepção de que há vagas disponíveis incentiva o retorno dessas pessoas ao mercado. O nível de ocupação de 59,0% confirma que uma fatia maior da população em idade de trabalhar está, de fato, produzindo e gerando renda.
O setor de serviços continua sendo o principal motor de empregabilidade no país. Por ser um setor que exige muita mão de obra, ele foi o responsável pela maior parte da absorção dos 5,644 milhões de desempregados que saíram das estatísticas. No trimestre encerrado em novembro, o segmento de serviços (que inclui tecnologia, saúde, educação e serviços prestados a empresas) apresentou uma demanda aquecida, o que ajudou a elevar a renda média, já que áreas especializadas dentro deste setor oferecem salários mais altos, impulsionando o crescimento real de 4,5% na comparação anual.
Por outro lado, o setor industrial apresentou um comportamento mais voltado para a estabilidade e para o emprego formal de longa duração. A indústria de transformação, em particular, costuma ter um “efeito multiplicador” maior: para cada vaga criada na fábrica, outras são geradas indiretamente na cadeia de suprimentos e logística. O aumento da ocupação industrial é o que garante a sustentabilidade do nível de 59,0% de ocupação, pois são postos de trabalho com menor rotatividade do que os do comércio sazonal de fim de ano.
A disparidade entre os setores também se reflete na massa de rendimento. Enquanto o setor de serviços contribui com o volume total de pessoas recebendo salários, a indústria e o setor de tecnologia da informação são os que mais pressionam a média salarial para cima. Em um cenário de desemprego baixo (5,2%), a indústria enfrenta o desafio da escassez de mão de obra qualificada, o que explica por que a renda real cresceu 1,8% apenas neste último trimestre — as empresas estão pagando mais para disputar os profissionais técnicos disponíveis.
