Dicas de um Jovem Empreendedor para 2026

Especialista revela habilidades, tendências e caminhos para quem quer empreender desde cedo em um mercado cada vez mais competitivo

O mundo do trabalho está mudando em ritmo acelerado. Segundo o Relatório Futuro do Trabalho 2025, desenvolvido pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com a Fundação Dom Cabral, as transformações econômicas, comportamentais e tecnológicas estão exigindo profissionais cada vez mais preparados — e, sobretudo, mais versáteis. Esse cenário vem impulsionando uma nova geração de jovens empreendedores no Brasil.

Entre eles está Deivyd Barros, empreendedor e investidor desde os 13 anos, palestrante e certificado CPA-10 pela Anbima. Aos 20, ele é fundador da Investeens, empresa de educação financeira voltada para escolas públicas. Deivyd representa uma geração que busca mais do que construir negócios: quer gerar impacto positivo.

“A juventude está trocando a lógica de trabalhar primeiro para descobrir o propósito depois. Hoje, o propósito vem antes do CNPJ”, afirma.


O que move os jovens empreendedores brasileiros

O Brasil vive um novo ciclo de transformação econômica liderado pelos jovens. De acordo com o Relatório Empreendedorismo Jovem no Brasil 2025 (Sebrae), mais de 4,9 milhões de pessoas entre 18 e 29 anos comandam seus próprios negócios — o que representa 16% do total de empreendedores do país.

Se antes empreender era um plano alternativo, hoje é uma forma de expressão, autonomia e construção de identidade.

“A geração Z cresceu em meio à instabilidade econômica e ao acesso digital. Isso gerou uma mentalidade de autonomia prática e imediata. Empreender, para nós, é sinônimo de liberdade e identidade”, explica Deivyd.

O impacto social também se tornou parte central desse movimento.

“O jovem de hoje quer transformar a própria realidade e a do entorno. Ele entende que o sucesso financeiro é importante, mas não é o único objetivo. Existe uma vontade clara de alinhar trabalho, valores e contribuição para a sociedade”, complementa.


As habilidades que mais crescerão até 2026

O Relatório Futuro do Trabalho 2025 aponta as 15 habilidades que mais devem crescer em demanda até 2026 — e todas convergem para um mesmo ponto: o fortalecimento do capital humano.

  1. Pensamento analítico (69%)
  2. Resiliência, flexibilidade e agilidade (67%)
  3. Liderança e influência social (61%)
  4. Pensamento criativo (57%)
  5. Motivação e autoconhecimento (52%)
  6. Alfabetização tecnológica (51%)
  7. Empatia e escuta ativa (50%)
  8. Curiosidade e aprendizado contínuo (50%)
  9. Gestão de talentos (47%)
  10. Orientação para o cliente (47%)
  11. IA e Big Data (45%)
  12. Pensamento sistêmico (42%)
  13. Gestão de operações (41%)
  14. Confiabilidade e atenção aos detalhes (37%)
  15. Controle de qualidade (35%)

“As cinco principais habilidades em ascensão mostram algo claro: embora possam ser aprimoradas pelo estudo, estão profundamente ligadas à personalidade e ao comportamento. Saber interpretar dados é mais relevante do que apenas produzi-los. Funções substituíveis por algoritmos estão perdendo espaço — o diferencial está no humano, que concentra mais de 50% do interesse das organizações”, explica Deivyd.


Como se encontrar e se diferenciar desde jovem

Em um mercado competitivo e em constante transformação, construir repertório é essencial.

“O jovem precisa se permitir testar. Cada experiência, mesmo pequena, ajuda a ganhar clareza sobre o que realmente faz sentido para sua trajetória”, afirma Deivyd.

Ele defende que o diferencial nasce da curiosidade e da exposição a diferentes ambientes — escola, projetos sociais, cursos, eventos e trabalhos voluntários.

“Você não precisa saber tudo aos 18 ou 20 anos. Precisa estar em movimento. Quanto mais vivências, maior o repertório para tomar boas decisões”, reforça.
“Tudo o que fiz até hoje não fiz sozinho. É importante buscar pessoas com o mesmo ideal e construir junto.”

Participar de eventos, produzir conteúdo e dialogar com profissionais experientes também são caminhos eficazes para abrir portas e fortalecer o posicionamento pessoal.


O papel do conhecimento acadêmico

Embora a formação superior continue relevante, ela deixou de ser o único caminho para quem quer empreender.

“A graduação importa, mas não é determinante. A faculdade dá base, mas é a prática que molda a mentalidade empreendedora. O jovem precisa desenvolver habilidades que a sala de aula nem sempre entrega”, explica.

Segundo ele, o aprendizado deve caminhar lado a lado com a autonomia:

“Existe uma parte do caminho que só depende da gente. Estudar por conta própria, criar projetos e se conectar com as pessoas certas faz toda a diferença.”


Construindo autoridade jovem

Autoridade não nasce do título, mas da consistência.

“Documentar a própria evolução deveria ser uma disciplina. Registrar desempenho, projetos, desafios e resultados cria um histórico que fala por você”, orienta Deivyd.

Ele destaca que um portfólio sólido se constrói com experiências diversas — acadêmicas, profissionais e sociais.

“Autoridade é unir o que viveu, o que aprendeu e o que entrega. Mostrar resultados te diferencia mais do que qualquer diploma.”


Tecnologia e pensamento analítico como diferenciais

As habilidades mais valorizadas do futuro unem tecnologia e interpretação.

“A tecnologia democratizou o acesso, mas quem cresce é quem interpreta o mundo. Saber analisar informações e tomar decisões inteligentes é o que faz diferença no fim do dia”, resume Deivyd.

Nesse cenário, a Inteligência Artificial deixa de ser ameaça e passa a ser aliada:

“Usar IA para ampliar sua capacidade de execução é essencial. Não se trata de substituir o talento humano, mas de multiplicá-lo.”


Um olhar para o futuro

O cenário para 2026 exige jovens preparados, curiosos e protagonistas de sua própria formação. Mais do que diplomas, o mercado busca mentes criativas, flexíveis e tecnológicas, capazes de aprender continuamente e gerar impacto positivo.

A trajetória de Deivyd Barros prova que empreender cedo é possível — e pode ser transformador quando propósito, preparo e coragem caminham juntos.

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