O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a demissão de Lisa Cook, diretora do Federal Reserve (Fed), em uma decisão que desafia a tradicional independência do banco central americano. A diretora, no entanto, declarou que não tem intenção de deixar o cargo, afirmando que Trump não possui a autoridade legal para demiti-la.
A situação é inédita nos 111 anos de história do Fed. Trump publicou a carta de demissão em suas redes sociais nesta segunda-feira (25), alegando “causa suficiente” para a remoção. A decisão é vista como uma escalada na crítica de Trump ao Fed, que ele acusa de ter demorado a cortar as taxas de juros.
A tentativa de demissão acontece em meio a acusações de que Cook teria cometido fraude hipotecária, alegações que o Departamento de Justiça planeja investigar. O advogado de Cook, Abbe Lowell, afirmou que a tentativa de demissão de Trump não tem “qualquer base factual ou legal” e que ele e Cook entrarão com uma ação judicial.
A lei americana estipula que um presidente só pode remover um membro do conselho do Fed “por justa causa”, um termo que nunca foi explicitamente definido. A demissão pode acabar nos tribunais, potencialmente chegando à Suprema Corte, especialmente após litígios similares como em Trump v. Wilcox, que discutiu limites à demissão de representantes da Fed.
Cook, nomeada pelo presidente democrata Joe Biden em 2022, é a primeira mulher afro-americana a integrar o conselho do Federal Reserve. Ela atuou como economista no Conselho de Assessores Econômicos da era Obama e como conselheira no Departamento do Tesouro.
O Wall Street Journal reportou que Trump já estaria buscando um substituto, com nomes como Stephen Miran e o ex-presidente do Banco Mundial David Malpass sendo considerados. Se Cook for removida, Trump poderia ter maioria no Conselho de Governadores (com quatro dos sete assentos), podendo influenciar diretamente decisões sobre taxas de juros e futuro da política monetária.