Divergências no Fed podem ficar mais claras na ata a ser divulgada

A ata da reunião do Federal Reserve (Fed), realizada nos dias 28 e 29 de outubro, é aguardada nesta quarta-feira (19) com grande expectativa, pois pode lançar luz sobre a profundidade das divisões que surgiram entre as autoridades do banco central dos Estados Unidos.

A reunião do mês passado, que resultou em uma decisão de corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros (levando-a para a faixa de 3,75% a 4,00%), produziu uma dissidência de 10 votos a 2. O próprio chair do Fed, Jerome Powell, descreveu os debates como tendo “pontos de vista fortemente diferentes”.

Um fator crucial na reunião de outubro foi o apagão de dados oficiais do governo americano, provocado pela paralisação administrativa (o shutdown). Sem os relatórios habituais, as autoridades do Fed foram forçadas a recorrer a informações alternativas, contribuindo para um sentimento de cautela em relação a futuros cortes nas taxas.

Powell resumiu esse sentimento no mês passado, ao afirmar que “há um consenso crescente de que talvez devêssemos esperar pelo menos um ciclo”. Essa cautela é reforçada pela incerteza sobre a disponibilidade completa de dados essenciais para a próxima reunião de 9 e 10 de dezembro. Embora o relatório de emprego de setembro esteja programado para ser divulgado na quinta-feira, ainda não há um cronograma claro para todos os relatórios pendentes.

O cerne do debate interno do Fed reside nas diferentes percepções sobre os riscos enfrentados pela economia. Novos dados sobre inflação e emprego — seja revelando força ou fraqueza maior do que o esperado — têm o potencial de alterar o equilíbrio entre os defensores de uma política monetária mais frouxa e os que defendem uma postura mais dura.

“Existe a possibilidade de que faça sentido sermos mais cautelosos”, disse Powell em outubro, destacando a importância de ter dados confiáveis.

A ata será divulgada às 16h (horário de Brasília). Os comentários públicos feitos por membros do Fed desde o encontro de outubro já tornaram evidentes as divergências de opinião, aumentando a possibilidade de que as próximas votações sobre a taxa de juros sejam ainda mais apertadas.

Atualmente, o mercado financeiro precifica uma probabilidade de aproximadamente 50% de um novo corte nas taxas de juros já na próxima reunião de dezembro.

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