Do campo à mesa: Como evitar o desperdício de alimentos

Conectando produtores e restaurantes com eficiência tecnológica, estratégia de foodtech simplifica a cadeia de abastecimento gerando soluções de ponta a ponta

Otávio Pimentel, Country Manager e Mark Michaelis, VP de Operações de Armazens da Frubana

No bilionário cenário do agronegócio, a trajetória dos alimentos é permeada por desafios logísticos e, cada vez mais,  soluções tecnológicas inovadoras. Para se ter uma ideia da importância dessa cadeia de distribuição, dados do IBGE mostram que foram produzidas mais de 318,1 milhões de toneladas de alimentos no Brasil até setembro de 2023, destacando o país como um dos principais produtores de alimentos do mundo.

A grande questão é que para os produtos chegarem até as mesas dos lares e restaurantes é preciso de um esquema logístico eficiente e moderno. Os dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) comprovam. Com mais de 1,5 milhão de estabelecimentos espalhados pelo país e um movimento estimado em R$ 220 bilhões somente neste ano, o setor de food service é vital para a economia brasileira, mas ainda é campeão em desperdícios. De acordo com um estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o desperdício de comida em restaurantes representa cerca de 10% do total de alimentos produzidos no mundo. No Brasil, o desperdício de alimentos em restaurantes é estimado em cerca de 6 mil toneladas por ano.

Em 2022, o Brasil foi responsável por produzir impressionantes 300 milhões de toneladas de alimentos, destacando-se na produção de soja, milho, cana-de-açúcar, carne bovina e leite. Além de ser também um dos maiores produtores de frutas, verduras e legumes.

A logística da entrega de alimentos do campo à mesa abrange três estágios cruciais: a produção,  a armazenagem e a distribuição. E é nessa jornada que se encontram os grandes desafios.  De acordo com a FAO, as perdas e desperdícios no Brasil são estimados em cerca de 40% de toda a produção alimentar, sendo causados por fatores como danos na produção, armazenamento inadequado e problemas no transporte.

No panorama do agronegócio brasileiro, a ascensão do uso de tecnologia se destaca como uma resposta dinâmica a estes desafios contemporâneos. O setor tem testemunhado um crescimento no emprego de soluções inovadoras para abordar questões cruciais relacionadas à produtividade, sustentabilidade e segurança alimentar. Segundo um estudo da consultoria McKinsey, o Brasil também é o campeão global em investimentos tecnológicos no agronegócio, ao investir aproximadamente US$ 10 bilhões nesse segmento somente em 2023. 

Ao utilizar Inteligência Artificial (IA) para otimizar rotas de transporte, prever a demanda e reduzir as perdas, o uso da tecnologia tem se mostrado vantajoso para as duas pontas do negócio. Enquanto a Internet das Coisas monitora as condições de armazenamento e deslocamento, a robótica é empregada para automatizar tarefas, desde a colheita até o empacotamento. A estratégia vai de acordo com o último relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) que descobriu que o uso de inteligência artificial para identificar alimentos excedentes pode reduzir o desperdício de alimentos em até 70%.

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