O mercado de câmbio brasileiro abriu a quarta-feira sob forte pressão compradora, levando o dólar a operar em patamares próximos de R$ 5,50. O principal motor dessa valorização é o cenário externo, especificamente os dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, o payroll.
A criação de 64 mil vagas em novembro superou as projeções mais otimistas de analistas, que esperavam algo entre 40 e 50 mil postos. Esse aquecimento do mercado de trabalho norte-americano sugere que a economia dos EUA ainda está resiliente, o que dá fôlego para que o Federal Reserve (Fed) mantenha as taxas de juros em níveis elevados por um período mais longo, desencorajando cortes agressivos em 2026.
No cenário doméstico, a cautela impera após a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que reafirmou a postura conservadora do Banco Central brasileiro.
O fluxo cambial também sofre a influência sazonal de final de ano, com remessas de lucros e dividendos para o exterior, além de ajustes técnicos naturais. Para mitigar a volatilidade e prover liquidez ao mercado, o Banco Central já anunciou a realização de leilões de swap cambial, instrumento que funciona como uma venda de dólares no mercado futuro.
Além dos fundamentos econômicos, o clima político adiciona uma camada extra de volatilidade. Investidores acompanham de perto as declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, e os discursos de dirigentes do Fed agendados para hoje.
No Brasil, o foco está na agenda legislativa. A aprovação na Câmara dos Deputados do projeto que reduz benefícios fiscais em 10% e institui a “Taxação BBB” (Bancos, Bets e Bilionários) foi recebida como uma vitória para a equipe econômica do governo na busca pelo equilíbrio das contas. Contudo, o mercado ainda aguarda a tramitação da proposta no Senado e monitora pesquisas eleitorais recentes para calibrar o apetite ao risco em ativos brasileiros.
O equilíbrio entre o payroll forte e a aprovação de medidas fiscais no Brasil cria um ambiente de disputa: de um lado, a força global do dólar puxando a cotação para cima; de outro, o avanço da agenda arrecadatória do governo tentando dar suporte ao real.
Com as bolsas internacionais operando com cautela, a tendência é que o pregão siga volátil, dependente de novos indicadores de inflação na zona do euro e do tom das falas das autoridades monetárias ao longo do dia.









