Donald Trump associa Tylenol a autismo e gera polêmica nos EUA

Em um anúncio polêmico, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou na segunda-feira (22) que a agência reguladora de alimentos e medicamentos do país (FDA) notificará médicos sobre a possível associação entre o uso de Tylenol durante a gravidez e um “risco muito maior de autismo”. Em uma coletiva na Casa Branca, Trump recomendou que as gestantes limitem o uso do medicamento “a menos que seja clinicamente necessário”.

A declaração causou grande repercussão, já que o Tylenol é a única opção segura e de venda livre recomendada para dor e febre em gestantes. A afirmação de Trump, de que “tomar Tylenol não é bom”, contraria o consenso da comunidade médica e científica, que ressalta que a relação entre o medicamento e o autismo não é consolidada e que o autismo é causado por múltiplos fatores.

O pronunciamento de Trump gerou uma queda nas ações da Kenvue (KVUE), fabricante do Tylenol. No entanto, o papel se recuperou 6% na terça-feira (23). Analistas atribuem a recuperação à falta de novas evidências científicas apresentadas no anúncio, o que aliviou a pressão sobre a empresa.

“Os investidores estavam apreensivos, esperando que o anúncio fosse uma bomba. No fim, não foi, porque não houve apresentação de nenhuma evidência científica que ligue o Tylenol ao autismo”, disse James Harlow, vice-presidente da Novare Capital Management.

Em resposta às declarações, agências reguladoras da Europa e a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçaram a segurança do paracetamol durante a gravidez. A OMS destacou que as evidências sobre possíveis associações são inconsistentes e pedem cautela.

A Kenvue reiterou que a alegação não tem base científica e alertou que a disseminação de informações sem comprovação pode colocar em risco a saúde de gestantes que necessitem do medicamento. Segundo a Morningstar, as vendas anuais do Tylenol geram cerca de US$ 1 bilhão para a Kenvue.

Sair da versão mobile