Anos atrás, comecei a jogar golf e nunca mais parei. E se tem alguma coisa que mudaria no meu passado, se isto fosse possível, seria ter começado a jogar antes.
Muitos podem pensar que é um jogo chato, parado, típico de velhos.
Afinal, qual graça em bater numa bola parada, indefesa com todos quietos ao seu redor? Quem tem paciência para jogar por 4 horas? “Só pode ser algum aposentado”, pensarão os incautos.
A verdade é que, para mim, a grande motivação desse esporte vem da busca permanente por autossuperação, resiliência e busca do autoconhecimento superando as obviedades.
A primeira impressão é que é fácil bater numa bola parada, segunda é que, para mandar longe, precisa colocar força e a terceira, quem bate mais longe deve jogar melhor. Vamos ficar só com esses exemplos, afinal o objetivo não é falar de golf.
Para quem não é do ramo, tudo parece óbvio, fácil e simples. Difícil compreender como ele não consegue fazer. Com certeza, você já ouviu comentários do tipo, “até eu fazia”. Será mesmo?
O rabino Nilton Bonder no seu livro “O Segredo Judaico de Resolução de Problemas”, nos fala das 4 dimensões da realidade e a primeira é o “ Aparente do aparente”.
Podemos dizer que esta dimensão, é o mundo dos tolos. Eles acreditam que a realidade é o que eles veem, mas eles não sabem que o que eles veem, não é nada mais que a projeção de sim mesmos. São incapazes de enxergar além do aparente, de realizar a simples pergunta: por quê? Ao invés de exercitar a curiosidade, apressadamente julgam. Não compreendem que não são as respostas, mas sim, as perguntas que move o mundo.
Para tudo que não compreendemos, alguém tem uma explicação simples e aparentemente lógica, mas errada.
Na minha criação, a ênfase era em não errar. Assim, na vida adulta, era comum pensar “não posso errar” e uma das coisas que aprendi no golf, é que, quando penso que não posso errar, em 95% das vezes, erro.
Isto me levou a substituir o pensamento “não posso errar” por “vou acertar”. Aprendi que o nosso cérebro não reconhece o advérbio “não”. Então quando penso “não posso errar”, é como se ele entendesse “posso errar”. Adicionalmente, quando penso “não posso errar” e , ocasionalmente acerto, a minha reação era de que não fiz nada mais que a minha obrigação. Ou seja, se erro sou um b…. e se acerto não fiz mais que obrigação. Triste né?…
Ao contrário, quando penso : “quero acertar” e acerto, celebro minha conquista. Quando não consigo, abro espaço para refletir o porque do insucesso e gero um aprendizado. Transformo um potencial momento de autopunição em oportunidade de evolução.
Sei que muitos de nós (principalmente orientais) fomos fortemente condicionados a ter vergonha do erro. Mas, uma boa notícia, condicionamentos podem ser mudados.
Seguindo com o livro do rabino Bonder, a próxima esfera da realidade é o oculto do aparente. O que está oculto atrás do aparente erro é uma oportunidade de desenvolvimento. É através deste processo de ressignificação que podemos escapar do mundo dos tolos.
Mudar nossos hábitos, evoluir e sermos mais realizados está sob nossa alçada e controle. Fácil? Ninguém disse que seria, mas sim, é possível!
Uma organização que aceita que todo desenvolvimento criativo, necessário para competir e sobreviver num mundo globalizado, está sujeito a erros e está preparada para aprender com eles, terá uma equipe motivada e comprometida em poder participar desta jornada de crescimento empresarial e pessoal .
No início da minha carreira executiva, eu tive a grande felicidade de ter tido um líder que me dizia com seu sotaque basco: “ Sr Hyung, o senhor pode fazer tudo nesta empresa, desde de que não seja ilegal, imoral ou antiético”. Essa é a diferença entre um líder com coragem para formar e um chefe.
Em tempo, quero deixar claro que erro não é omissão. Essa sim, imperdoável.