A edtech brasileira Letrus anunciou a captação de R$ 36 milhões em uma rodada de investimentos liderada pelas gestoras Crescera Capital e Owl Ventures. Com foco em desenvolver produtos e reestruturar o setor de marketing, a empresa possui três contratos adiantados com governos estaduais que devem ser concretizados em 2024.
Essa rodada, a segunda da empresa, foi vista como uma “intermediária entre as séries A e B”. A Fundação Lemann e a VélezReyez+, criada por David Vélez, fundador e CEO do Nubank, fizeram seus primeiros investimentos diretos em um negócio privado nesta captação da Letrus. Ao todo, a edtech já levantou R$ 96 milhões.
A Letrus, que utiliza inteligência artificial para auxiliar o letramento de alunos do ensino fundamental ao médio, pretende dividir os recursos em três áreas: produtos, marketing e demais setores. Na área de produtos, a empresa planeja expandir as funcionalidades de IA generativa, aumentar o tempo de uso do programa por escolas e professores, e ampliar a área dedicada à leitura da plataforma.
A grande mudança ocorrerá na área de marketing, com a contratação de uma direção de marketing e duas gerentes para desenvolverem a estratégia da empresa. A Letrus espera que o setor público represente 60% dos ganhos da startup com os três novos contratos esperados para o próximo ano. O único contrato atual com uma secretaria de educação, no Espírito Santo, representa 20% do faturamento da empresa.
A Letrus enfrenta desafios ao buscar aumentar o número de estados como clientes, especialmente devido à falta de concorrentes com produtos semelhantes, o que impede que governos realizem licitações convencionais. O modelo de contratação direta é uma alternativa, mas pode gerar passivos políticos para governantes, já que órgãos de controle têm o poder de impugnar o processo, mesmo que esteja tudo perfeito.
A empresa espera equacionar metade de sua arrecadação proveniente da rede pública e a outra metade da privada no longo prazo. Entre este ano e o próximo, a Letrus almeja aumentar sua presença, atualmente em 680 escolas, em quatro vezes.
O co-fundador da empresa, Thiago Rached, mencionou que a diluição da empresa nessa rodada de investimentos foi em um nível “convencional de mercado”, e os fundadores não têm planos de perder o controle da operação. No entanto, eles não descartam a possibilidade de considerar propostas de grandes players globais de tecnologia que possam demonstrar interesse no negócio.