Atualmente, apenas 7,2% da economia global é considerada circular, segundo o Circularity Gap Report. A economia circular é um modelo que propõe o reaproveitamento de recursos em vez do descarte, estimulando práticas sustentáveis como a reutilização, a reciclagem e a regeneração de materiais. Em vez de seguir a lógica linear de produzir, consumir e descartar, ela busca manter os recursos em uso pelo maior tempo possível, gerando impacto ambiental positivo e impulsionando a inovação.
Um exemplo brasileiro de como a indústria pode transformar esse cenário é o Catarinense Pharma, com sede em Joinville (SC). Por meio do IAFA (Instituto Fonte de Alegria), organização social que atua para melhorar a qualidade de vida da comunidade, a empresa desenvolve ações sustentáveis com impacto real. Um dos destaques é seu programa de compostagem, que reaproveita quatro toneladas de resíduos por mês. Agora, a empresa dá mais um passo rumo à sustentabilidade com o ReVeste: uma iniciativa que transforma uniformes, materiais de comunicação e resíduos sólidos em novos produtos com utilidade, impacto social e valor simbólico.
A iniciativa amplia o compromisso da empresa com a economia circular, ao transformar resíduos industriais em produtos com valor social e ambiental. Entre as ações em destaque, está a reutilização de uniformes antigos dos colaboradores, que agora se tornam bolsas térmicas, necessaires e almofadas confeccionadas por mulheres em situação de vulnerabilidade social, promovendo geração de renda e inclusão produtiva.
Ao todo, 28,5 kg de tecido foram reutilizados, evitando descarte desnecessário, onde as peças são confeccionadas por uma empresa parceira, especializada em upcycling com mão de obra totalmente feminina.
“O Reveste é mais do que reciclagem. Ele é sobre gerar impacto positivo nas pessoas a partir do que antes era descartado”, explica Leonardo Bitsch, Diretor de CSC – Centro de Serviços Compartilhados do Catarinense Pharma. “Criamos um ciclo em que sustentabilidade e responsabilidade social andam juntas, com resultados práticos para o meio ambiente e para as pessoas”.
Outro exemplo do programa é a transformação de outros resíduos industriais — como etiquetas, blisteres vazios, jalecos e toucas — em móveis ecológicos. O projeto-piloto foi implantado internamente na sede do Catarinense Pharma no início de abril.
“Inspirada em um dos valores mais fortes da empresa – a alegria -, a Praça de Convivência Fonte de Alegria foi idealizada para proporcionar momentos de descanso, conexão e leveza ao longo da rotina”, explica o executivo.
São 8 mesas, 48 banquetas, vasos e lixeiras que hoje compõem o novo espaço de convivência da empresa. O mobiliário foi produzido pela Zero Waste, empresa especializada em design sustentável, com foco na logística reversa. Os tecidos reaproveitados também estão presentes no ambiente, com almofadas que tornam o local mais acolhedor e confortável.
“Essas ações mostram que sustentabilidade e inovação caminham juntas. O reaproveitamento de uniformes reforça nosso compromisso com o impacto social positivo. Já o mobiliário ecológico, presente no novo espaço de convivência, é a prova de que resíduos podem ser transformados em soluções criativas, funcionais e com propósito”, destaca Leonardo.
Além de reduzir o volume de resíduos enviados aos aterros, o Reveste já serve como modelo replicável. Sem depender de grandes parcerias, o projeto é um exemplo de como é possível construir um futuro mais sustentável com ações práticas, consistentes e colaborativas.
Iniciativas como o Reveste e o programa de compostagem do Catarinense Pharma demonstram como empresas do setor industrial podem não só reduzir seu impacto ambiental, mas gerar valor para toda a cadeia — da produção ao consumo, passando pelo território onde estão inseridas.
Mais de 9 toneladas de resíduos orgânicos do refeitório — sobras do preparo das refeições — já foram compostadas paralelamente ao projeto Reveste. O adubo gerado é doado para 52 famílias da comunidade local, que o utilizam em suas hortas. A meta da empresa é ambiciosa: atingir 100% de compostagem dos resíduos orgânicos, eliminando o envio desse material aos aterros sanitários.
“Mais do que dar um novo destino aos resíduos, nossas iniciativas em ESG manifestam o nosso compromisso com o meio ambiente e com as pessoas, sejam elas colaboradoras ou membros da comunidade. São projetos que inspiram, transformam e criam fortes conexões entre nosso negócio e seu entorno”, conclui o executivo