Empresa-escola: o papel das organizações na aprendizagem em tempos de IA

Desenvolver competências dos colaboradores é crucial para as empresas moldarem o futuro de seus negócios, diz especialista.

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Segundo a pesquisa World Employment Confederation, apresentada por Denis Pennel no Conarh 2023 na palestra The future of work and HR challenges, a principal razão dos pedidos de demissão em 2022 está relacionada à falta de desenvolvimento e perspectiva de carreira, com 41% das respostas. Para os especialistas da Alura Para Empresas, solução de desenvolvimento de pessoas em tecnologia, com a grande velocidade de transformação que temos experienciado nos últimos anos, não há como as empresas serem protagonistas do futuro de seus negócios sem atuarem no desenvolvimento de novas competências, habilidades e atitudes de seus colaboradores

A verdade é que muito se fala sobre o papel das empresas como educadores e sua co-responsabilidade na capacitação e no desenvolvimento de seus profissionais. Mas o debate sobre educação não é de hoje. Nos anos 2010, quando as startups iniciaram um movimento de não exigir diploma de ensino superior, muitos já falavam de uma transformação no ensino e o início da morte das universidades como conhecíamos, uma vez que essas não preparam mais os estudantes para as demandas das empresas e do mundo.

“A necessidade das organizações se transformarem em universidades, perpassa por criar e fomentar uma cultura de aprendizagem. A organização que aprende é aquela que inova, que acompanha a evolução e faz as mudanças necessárias, se mantém atenta e atualizada. No final, as abordagens das universidades e das empresas são complementares, e precisam estar alinhadas à criação de valor para a sociedade de forma geral”, avalia Priscila Lacava, Consultora de Educação Corporativa da Alura Para Empresas. 

Já para Guilherme Pereira, diretor acadêmico dos MBAs da Fiap, a contextualização deste cenário cria uma estrada para as próprias empresas atuarem como centros de treinamento e formação “on the job”, papel que por muitos anos as organizações assistiram de forma mais distante. “Os novos desafios tecnológicos e as fronteiras da aplicação da tecnologia estão no campo das empresas, e por isso é essencial que exista a integração da atividade de aprendizagem ágil e contínua com o dia-a-dia do trabalho corporativo”. 

E investir para que?


Segundo a pesquisa Educação Tech & Eficiência Operacional das Empresas, conduzida pela Alura Para Empresas em parceria com a FIAP, a partir dos investimentos em educação corporativa, as organizações observam aumento de produtividade (64%) e engajamento (45%), sendo que 60% também avaliam que seus clientes ou usuários conseguiram perceber – de forma direta ou indireta – os impactos positivos desses esforços. 

“Ganha o colaborador que se desenvolve, adquire experiência e cria repertório, propõe soluções e é reconhecido. Ganha a organização que também se desenvolve, soluciona seus problemas com agilidade e retém um  colaborador comprometido e engajado”, pontua Lacava. Além disso, “as empresas criam um contexto de resposta mais ágil e efetiva para mudanças de cenário, com mais facilidade para incorporar novas competências, e executar as teses de transformação e inovação necessárias para o negócio”, complementa Pereira.

Engajamento: benefício e desafio


Para Lacava, só a oferta não leva o indivíduo a querer aprender. “A cultura de aprendizagem, a conexão – e, consequente, a percepção individual do desenvolvimento -, a transparência da liderança, bem como a valorização daquilo que foi apreendido e colocado em prática tem impacto direto nas organizações”.

Dentre os demais desafios ainda é possível destacar a falta de integração entre as atividades de educação nos desafios do dia-a-dia do colaborador; bem como nas oportunidades de desenvolvimento de carreira. A pasteurização dos formatos, métodos e níveis de maturidade na oferta de treinamentos, a dificuldade de alinhar a prioridade de treinamento com a entregas diárias e, por fim, a falta de uma cultura que valoriza a aprendizagem contínua. 

E como desenvolver na prática?


Na andragogia, caminho educacional que busca compreender o adulto, as pessoas estão mais motivadas a aprender quando vêem a relevância direta para suas metas pessoais e profissionais. “É importante acolher a vontade do colaborador em ser tratado como consumidor, mas também trazer de forma transparente, a necessidade, propósito e diretriz estratégica da organização; mapear e ouvir necessidades e motivações, propor soluções de aprendizagem apoiadas neste diagnóstico, bem como ter um ‘cardápio’ com diferentes formatos de ensino”, explica.

Segundo o estudo, a coparticipação em cursos de graduação e pós-graduação é uma das iniciativas mais votadas entre as maiores organizações (32%). Já a aquisição de cursos pontuais, conforme a necessidade dos times, foi a mais presente entre os que atuam nas menores (17%). Para Pereira, há muitos pontos a serem avaliados na hora de escolher a melhor ferramenta educacional, no entanto, soluções híbridas geralmente têm maior eficácia para o domínio de novas competências. 

“Aposte em um portfólio de ações com modelos síncronos e assíncronos, em níveis de maturidade que podem ser utilizados de forma adaptativa e que podem ser integrados para criar jornadas para os diferentes estilos de cada colaborador. Ao mesmo tempo, é importante também criar um ambiente que gere uma certa competição positiva com métodos de gamificação que ajudem os profissionais a entenderem as trilhas disponíveis, aumentem seu grau de domínio das competências e ferramentas, e desenvolvam sua maturidade técnica”.

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