Escolas encaram aumento da inadimplência e Edson Urubatan, doutor em competitividade e gestão pela FGV, apresenta soluções

Quase 27% dos alunos da educação básica não estão com as mensalidades em dia, segundo pesquisa divulgada pela Linx. Além disso, MEC afirma que taxa de evasão escolar também aumentou e quase 70 milhões de brasileiros de 18 anos ou mais não concluíram a educação básica

O ano letivo começou e as estatísticas podem preocupar os donos e investidores em instituições de ensino. Isso porque, de acordo com pesquisas divulgadas pela Linx, do grupo StoneCo, quase 27% dos alunos da educação básica estão inadimplentes. Doutor em competitividade e gestão pela FGV, professor de física e matemática e um dos maiores empresários da educação no Brasil, sendo fundador e CEO da AUDE Educação, com mais de 140 mil alunos, Dr. Edson Urubatan apresenta soluções e destaca que a problemática ultrapassa as finanças e pode afetar o propósito por trás da educação.

“Um dos maiores males da inadimplência, ao deixar a empresa sem receita, é gerar atrasos de salário aos colaboradores, o que é desmotivante, principalmente para profissionais que trabalham transformando vidas. Por mais que tenham uma predileção consciente ou inconsciente por fazer o bem e por entender que são instrumentos de transformação, é complexo fazê-lo sem salário”.

Soluções na prática

Começando a carreira com um pequeno curso preparatório há quase 20 anos e tornando-se um dos maiores empresários da educação do país, o Dr. Edson Urubatan afirma com propriedade que o problema pode ser solucionado, ou ao menos amenizado com as estratégias corretas. Ele explica:

“O primeiro passo é entender como a lei pode te proteger. Não há nada ilegal em exigir o instrumento de quitação. A legislação nos ampara com relação a não renovar com quem não nos pagou. Além disso, também podemos não aceitar matrículas de pessoas inadimplentes em outras instituições. Uma vez que essa pessoa já está inadimplente, possivelmente fará o mesmo na sua empresa e você não quebrou o ciclo”.

O empresário também destaca que essa, inclusive, costuma ser uma das maiores ilusões entre os donos de escolas. “Os concorrentes tendem a achar que estão ganhando o aluno da concorrência e comemoram o aumento das matrículas, sem saber a qualidade daquele compromisso. Às vezes, o menos pode ser mais. Menos alunos e mais engajamento dos pais, não só no pagamento, mas pais e alunos sendo participativos de modo geral”.

Algumas estratégias a serem adotadas podem ir além do pragmatismo e exigem expertise. De acordo com as sugestões de Urubatan, é importante observar a data em que a matrícula está sendo feita. “Geralmente, pais que são mais organizados e honram seus compromissos – independente da classe social – se programam com antecedência. Quanto maior a antecedência, mais chances daquele aluno ser adimplente”.

Tem espaço para todos

Outra solução prática é entender que tem espaço para todos no mercado e que ter concorrentes de sucesso pode te impulsionar. “O colégio fica preocupado em ter todo o mercado da sua região, mas isso pode não ser saudável nem para ele. Ele fica feliz com a inadimplência em outras escolas e por fim, está destruindo o mercado.”

O doutor explica que um desponte de inadimplência em uma instituição desestabiliza o mercado da educação. “Além disso, se em um mesmo lugar todas as escolas são de excelência, a tendência é que as famílias migrem para aquele bairro”. Para isso, o segredo é estar atento ao concorrente e sempre manter o exímio nível.

Matrículas feitas, atenção a manutenção

Deixar os pagamentos acumularem ao longo do ano é a escolha de muitos pais e pode ser um empecilho para um bom fluxo de caixa da empresa. “É necessário fazer uma cobrança regular efetiva e nunca deixar passar 2 meses ou mais para chamar o responsável e entender o que está acontecendo”. A questão é que uma cultura ruim é alimentada de que uma negociação no fim do ano pode ser mais vantajosa do que a regularidade no pagamento.

A evasão também preocupa

O MEC também divulgou recentemente os índices de evasão escolar. Na educação básica, a taxa é de 5,9%. Alarmantes quase 70 milhões de brasileiros de 18 anos ou mais não concluíram a educação básica e estão fora das escolas. Envolvendo diversas questões econômicas e sociais, a evasão escolar transcende as finanças das instituições de ensino e é um problema social. Mas de acordo com o Dr. Edson, pode ser amenizada.

“Temos algumas medidas. A mais importante é aprimorar o serviço e trazer tanto o responsável quanto o aluno – que é o protagonista, para perto. É necessário dar a percepção de que o serviço está sendo entregue.” Para essa percepção, o empresário indica: “O responsável tem que tanger a educação. Feiras de ciências, comemorações, eventos escolares… Tudo o que puder fazer com que o responsável ‘toque’ o seu serviço e perceba o valor”.

Considerando os envolvidos nesse processo, o professor também é um ponto de atenção e precisa estar próximo ao aluno, segundo Edson. “Principalmente em um momento de tecnologia onde o aluno às vezes tem na palma das mãos mais informação que o professor, é muito importante que o aluno perceba o nível de proficiência e tenha consciência do impacto daquele personagem na sua formação, sendo praticamente insubstituível”.

Para isso, é necessário sempre se atualizar, mas mais do que estudar, é importante criar vínculos. “O professor precisa ter laços afetivos com o aluno. Quanto mais afetividade tem, mais o aluno se abre para o que o professor fala. A admiração potencializa a aprendizagem”.

Outra medida recomendada é a mesma que ameniza a inadimplência: o período de matrícula antecipada. “A matrícula tem que começar no princípio do segundo semestre, assim como o contato com essa finalidade entre a escola e o responsável. Dessa maneira, você antevê o problema e percebe quais responsáveis estão comprometidos, já criando medidas antecipadas para captar alunos. Além de tudo, antecipar é até mesmo uma forma de ajudar os responsáveis que são mais desorganizados. Você acaba reeducando esse responsável e o faz ter uma predileção em relação à organização educacional do seu filho”.

Por fim, como empreendedor e professor, o doutor destaca a importância do propósito. “O educador empreendedor se compeliu a empreender e esqueceu de continuar estudando. Ele precisa inovar, se desafiar, buscar soluções e ferramentas. Esse é um dos nossos propósitos, facilitar esse processo e transformar o mundo através da educação, que é o nosso lema na AUDE Educação”.

Saiba mais sobre Dr. Edson Urubatan

Carioca de 45 anos, morando nos Estados Unidos há dois anos a fim de concluir suas pesquisas em neurociência, além de implementar escolas internacionais e criar um novo fundo de investimentos em educação, Edson Urubatan venceu as dificuldades e se tornou um dos maiores nomes em educação no Brasil. Formado em Física e Matemática, o professor também é mestre pela IBMEC e doutor em Gestão e Competitividade pela FGV.

Após primeiros passos na carreira militar e já graduado, Edson viveu a realidade de muitos brasileiros: O desemprego, enquanto sua mãe lutava contra um câncer. Resolveu tornar-se trabalhador informal e começou a vender guaraná natural nas praias do Rio de Janeiro. Nas horas vagas, ajudava alguns adolescentes a estudar para provas, e assim, começou a desenvolver o que hoje é uma das maiores metodologias de ensino no país – a MODA. Criou o Sistema de Ensino Pec e é fundador e CEO da AUDE Educação, somando mais de 140 mil alunos.

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