A adesão à agenda ESG vai muito além da criação de um departamento de Compliance e da adoção de ações de sustentabilidade. Ela prevê a incorporação de políticas sociais robustas para garantir a diversidade, a equidade e a inclusão dentro das empresas. Mais que reforçar a reputação das corporações, o compromisso com esses valores cria um terreno fértil para a criatividade e inovação. “Um ambiente diverso é o caminho para a pluralidade de ideias e, portanto, de soluções para os mais variados desafios que o ambiente corporativo reserva”, comenta a advogada Maria Heloísa Chiaverini de Melo, CEO da BrevenLaw.
Segundo Maria Heloísa, a promoção da diversidade, equidade de gênero e inclusão deve ser tratada com a mesma seriedade e planejamento estratégico que qualquer outro aspecto fundamental de uma empresa. O primeiro passo é a definição de princípios e objetivos. “É como fazer um planejamento estratégico para a empresa. É preciso definir a visão, missão e valores específicos para a política de diversidade e inclusão. Esses objetivos vão orientar todas as ações subsequentes”, explica a advogada.
A especialista em ESG, Ticiane Wies, afirma que o sucesso de uma política social depende do envolvimento de todos os colaboradores de uma empresa. “Cada pessoa tem suas características únicas e pode pertencer a diferentes grupos específicos. Portanto, a política deve ser inclusiva e abrangente, promovendo a sensibilização e o repasse de conhecimento em todos os níveis hierárquicos. Isso garante que a diversidade e a inclusão sejam práticas vivenciadas por toda a empresa, e não apenas conceitos abstratos”, comenta Ticiane.
A consultora defende a importância de qualificar informações para entender como a diversidade se expressa dentro da empresa. “A mensuração é indispensável para que as políticas e ações atinjam um público representativo“, afirma. Embora a definição de metas e cotas dependa da cultura de cada empresa, a coleta de dados é fundamental para monitorar o progresso e ajustar as estratégias conforme necessário.
Definir ações claras é outro aspecto vital. “As ações precisam ser bem delineadas, seja em termos de sensibilização, contratação ou enquadramento de pessoas. Além disso, elas devem ser contínuas e cíclicas, promovendo um processo de aculturamento que evolui constantemente”, detalha Ticiane.
Da base ao topo da pirâmide
Para que uma empresa seja, efetivamente, diversa e inclusiva, o comprometimento da alta liderança é indispensável. “A alta liderança precisa estar efetivamente comprometida com esses temas para que haja o exemplo por parte da empresa. Isso é indispensável para criar uma cultura de inclusão que, verdadeiramente, promova a diversidade e a equidade de gênero”, explica Maria Heloísa.
Educação constante
Por fim, as empresas devem realizar sensibilização e treinamentos frequentes com seu público interno. “Capacitação sobre conceitos técnicos e informação sobre como criar um ambiente mais inclusivo são fundamentais. A sensibilização contínua ajuda a manter o tema em pauta e a reforçar a importância de um ambiente de trabalho inclusivo e igualitário“, completa a especialista em ESG.