No mundo de hoje, as mudanças ocorrem de maneira muito rápida, em uma velocidade nunca vista e, com isso, muitos nomes e siglas rapidamente entram no mainstream, sem que as pessoas tenham tempo de assimilar sua importância e intencionalidade. Com isso, na esteira do movimento, muitas empresas passam a adotar tais modismos e acabam incorrendo nos “washings”, “maquiagens” do mercado: greenwashing (sobre práticas de sustentabilidade ambiental), socialwashing (sobre práticas de responsabilidade social), pinkwashing (no contexto da comunidade LGBTQIA+) e governançawashing (sobre práticas de governança corporativa).
Mas que fique claro. “Enganará a quem e por quanto tempo?”. Não há mentira que nunca seja descoberta e mal que não seja desvendado, ainda mais em tempos de redes sociais e tecnologias da informação e comunicação avançadas.
Fora isso, dado o novo estágio de consciência, agravado por problemas ambientais – três crises planetárias (emergência climática, perda da biodiversidade e poluição) -, levando a escassez de recursos; e ao descontentamento com as desigualdades sociais – promovida por um sistema que não considera as especificidades regionais e diversidades étnicas-culturais -, vemos o agravamento das externalidades negativas, interferindo no retorno e balanço econômico das empresas.
Com isso, o setor empresarial está sendo impelido a uma nova consciência, baseada na geração de valor compartilhado, neutralização dos impactos negativos e clamor pelo aumento do impacto positivo, regenerando o sistema até 2050, como parte de sua cidadania corporativa.
Nesse sentido, antes da adoção de qualquer agenda positiva, necessário se faz a compreensão básica de dois fundamentos básicos da governança corporativa: a ética e o propósito.
A ética com um conjunto de valores e princípios que orienta a conduta e viabiliza o convívio e a evolução do ser humano em sociedades cada vez mais complexas, com orientação pelo senso de coletividade e interdependência, impulsionando os indivíduos a colaborarem em busca do bem comum, com uma gama muito mais ampla de partes interessadas (colaboradores, fornecedores, clientes, comunidades, direitos da natureza e sociedade em geral).
E o propósito, o qual reforça a importância de as organizações definirem sua razão de existir. De acordo com a 6.ª edição do Código de Melhores Práticas do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), essa definição delimita as oportunidades que a organização perseguirá e as necessidades que buscará atender por meio de produtos, serviços ou causas. O propósito direcionará a estratégia e fundamentará a cultura da organização, servindo de bússola para um processo decisório e estratégico ancorado em princípios éticos.Com isso, não se engane, o propósito deverá ser claro e coerente, sobressaindo-se como valor inspiracional e de engajamento que: direciona, conecta, inspira negócios, causas, estratégias, pessoas e meio ambiente. Sua ampla divulgação favorecerá a geração e proteção de valor – valor compartilhado (tangível e intangível), contribuindo positivamente para a reputação da organização, a confiança e o engajamento de todas as partes interessadas. (6.ª edição do Código de Melhores Práticas do IBGC, 2023).