Os Estados Unidos cancelaram a Conferência Espacial das Américas e indicaram que não participarão da Operação Formosa, eventos que seriam realizados em parceria com as Forças Armadas brasileiras. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo desta quarta-feira, esses gestos diplomáticos são vistos por autoridades brasileiras como um sinal do crescente desgaste nas relações entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump.
A Conferência Espacial, que seria sediada em Brasília entre 29 e 31 de julho, foi cancelada unilateralmente por Washington. A Força Aérea Brasileira (FAB) confirmou a decisão dos EUA. O evento, em sua quarta edição, costumava reunir representantes de dez países para discutir a cooperação em áreas como defesa, telecomunicações e pesquisa espacial.
A decisão de Washington levanta preocupações no Ministério da Defesa brasileiro, que tem tentado blindar a cooperação militar da crise político-econômica instalada entre os dois países.
O cancelamento dos eventos ocorre em meio a uma série de atritos entre os dois governos. As tensões aumentaram significativamente, especialmente por conta dos julgamentos que podem levar à prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, um aliado próximo de Trump.
Nos últimos dias, a escalada de retaliações dos EUA contra o governo brasileiro incluiu:
- Tarifas: Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados.
- Vistos: Os EUA revogaram os vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de outras autoridades do governo federal.
- Sanções: O ministro Alexandre de Moraes foi incluído na Lei Magnitsky, que permite punir cidadãos estrangeiros por corrupção ou violações de direitos humanos. A medida, publicada pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), o submete a sanções econômicas e restrições de entrada no país.
Essas ações são vistas como parte de uma campanha de pressão de Washington, que acusa o Judiciário brasileiro de perseguir Bolsonaro, que é réu por tentativa de golpe de Estado. O presidente Lula confirmou que esses gestos resultaram no congelamento dos canais de diálogo entre Brasília e Washington.