Eventos climáticos e o panorama ESG no Brasil

Este artigo relata um estudo realizado pela Amcham Brasil, uma entidade sem fins lucrativos que reúne 4.000 empresas brasileiras e multinacionais, responsáveis por 33% do PIB.

O ano de 2023 foi marcado pela quantidade de eventos climáticos extremos. Podemos citar o fenômeno do El Niño, que provocou chuvas intensas no Sul e seca no Norte – que impactou mais de 200 mil pessoas, o que levou o governo federal a criar uma comitiva para visitar a região e criar ações de apoio a vítimas dessa catástrofe. Os riscos climáticos transpassam toda a economia e organizações de todos os setores, embora muitas companhias não estejam preparadas para lidar com as mudanças do clima. 

Quais decisões os executivos brasileiros têm tomado frente a esses eventos climáticos para seguir a agenda ESG? Um recente relatório da Amcham Brasil identificou que 82% dos executivos brasileiros devem liderar ativamente a agenda ESG no país. A pesquisa ainda destaca que, para 48% dos respondentes o maior desafio é conscientizar e capacitar equipes e lideranças sobre a importância das práticas sustentáveis.

Para saber o formato de atuação das empresas, é necessário entender no que consiste a prática ESG. A sigla tem como significado Environmental, Social and Corporate Governance (Ambiente, Social e Governança Corporativa), um conjunto de políticas utilizadas para orientar empresas, investimentos e escolhas de produtos focadas na sustentabilidade.   

De volta ao relatório, é possível identificar que 50% das empresas observadas não são signatárias do Pacto Global da ONU, que tem como um de seus projetos a Ação pelo Clima, com o objetivo de construir uma economia resiliente e de carbono neutra.

Essa porcentagem revela como o mercado brasileiro ainda tem um longo caminho a percorrer no que diz respeito às práticas ESG. Entre os entrevistados, 12% das empresas se consideram pioneiras e referências em ESG e 35% estão buscando adotar melhores práticas, ao restante ainda há muito a ser feito nesse aspecto. 

Para 38% dos respondentes, a principal dificuldade é a mensuração e monitoramento de indicadores, enquanto 32% mencionam a ausência de uma cultura forte de sustentabilidade. Outro desafio enfrentado pelo mercado é o nível de conhecimento e experiência no tema. Isso indica a necessidade de investir em educação corporativa voltada ao ESG e capacitar lideranças e colaboradores.  

A Indústria é o setor que mais tem investido na implementação de práticas de impacto social. O investimento na formação e capacitação dos funcionários está presente em 70% das indústrias entrevistadas.

Finalizando o relatório, algumas diretrizes foram apontadas como fatores críticos de sucesso, são elas: capacitação, conscientização e sensibilização, além de ação e dedicação de recursos para investimento.

Pedro Chiamulera, fundador da Clear Sale, relatou que ” Os empresários possuem capacidade de impactar significativamente a vida das pessoas e dos planetas, tanto no âmbito como na sociedade como um todo. É crucial ter consciência da interação entre uma empresa e todos os seus stakeholders, uma vez que isso pode definir o futuro do próprio negócio”.   

Cassia Messias, conselheira do Instituto Capitalismo Consciente Brasil, também comentou sobre a pesquisa. ” Os executivos precisam de mecanismos para medir e antecipar riscos ambientais e sociais, a fim de evitar perdas financeiras. O momento atual exige que as empresas transformem questões socais e ambientais em vantagem competitva, para que investidores e agentes financeiros percebam o valor gerado pelo negócio”

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