Em depoimento em vídeo à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), gravado em 16 de março, Miguel afirmou que nenhuma decisão estratégica era tomada sem o conhecimento de seus acionistas de referência, em especial Carlos Alberto Sicupira. O UOL teve acesso exclusivo às 3 horas de depoimento do executivo.
O Uol relatou que Miguel Gutierrez afirmou que além de Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles também tinham conhecimento de todas as ações tomadas. Em carta enviada à CPI das Americanas, o antigo CEO afirma que a atual gestão tenta blindar os três principais acionistas dos malfeitos da administração contábil da companhia.
Ainda em carta, Miguel negou ter conhecimento das manobras para maquiar o balanço e esconder pelo menos R$20 bilhões de dívidas, alegando não ter contato com áreas financeiras e contábil.
A Americanas enfrenta uma recuperação judicial de mais de R$40 bilhões em dívidas declaradas.
Gutierrez deixou a companhia em dezembro de 2022, e depois disso afirma que perdeu todo o acesso a Carlos Alberto Sicupira.
Segundo a CVM, os processos administrativos abertos contra a Americanas vão apurar:
- eventuais irregularidades envolvendo informações contábeis;
- eventuais irregularidades na divulgação de notícias, fatos relevantes e comunicados;
- eventuais irregularidades nas negociações com ativos de emissão da companhia;
- denúncias recebidas pelos canais de atendimento da CVM;
- a conduta da companhia, acionistas de referência e administradores;
- a atuação de intermediários no processo de ofertas públicas envolvendo ativos da companhia;
- a atuação das agências de classificação de risco de crédito em relação à Americanas.
O caso segue sendo investigado pelo Ministério Público Federal, com alguns acordos de delação premiada.