Factfulness: Por que enxergar o mundo com base em fatos muda tudo

O livro de Hans Rosling é, muitas vezes, visto como uma obra otimista, que tenta combater a desinformação

Hans Rosling, o autor de “Factfulness: O Hábito Libertador de Só Ter Opiniões Baseadas em Fatos”, propõe uma maneira revolucionária de olhar para o mundo. Em meio a um cenário onde narrativas dramáticas e visões polarizadas predominam, Rosling nos desafia a abandonar nossos instintos dramáticos e abraçar uma visão baseada em dados concretos. O livro, publicado em 2018, tornou-se um guia essencial para entender as transformações globais sem se deixar levar pela desinformação e pelo pessimismo excessivo.

O mundo é menos dramático do que parece

De forma contundente, Rosling afirma que a maioria das pessoas acredita que o mundo é mais assustador e violento do que realmente é. Essa percepção superdramática, que ele chama de “visão de mundo dividida”, é alimentada por nossos instintos ancestrais e por narrativas simplistas e polarizadas amplificadas pela mídia. Contudo, ao examinar dados, a realidade mostra-se diferente: a maioria da população global vive em condições intermediárias de renda e está constantemente melhorando sua qualidade de vida.

Para exemplificar, Rosling utiliza a estatística da taxa de mortalidade infantil. Ele a considera um termômetro da qualidade de vida de uma sociedade: países com baixas taxas de mortalidade infantil indicam acesso a saneamento, saúde, educação e alimentos suficientes. Atualmente, mesmo nos países de renda baixa, os índices de mortalidade infantil estão caindo de forma expressiva, ilustrando o progresso humano.

Um novo modelo para enxergar a realidade: os quatro níveis de renda

Uma das maiores contribuições do livro é o modelo que divide o mundo em quatro níveis de renda, ao contrário da tradicional divisão entre “países desenvolvidos” e “países em desenvolvimento”. Essa estrutura permite compreender melhor como as pessoas vivem ao redor do globo:

Com base nesse modelo, Rosling demonstra que a maioria da população mundial está hoje nos níveis 2 e 3. Essa progressão histórica é notável: em 1800, 85% das pessoas viviam no nível 1; hoje, apenas 9% estão nessa condição, um avanço extraordinário.

O perigo do pensamento binário e a necessidade de nuance

Rosling também alerta para o instinto humano de dividir o mundo em “nós versus eles”, o que leva a dicotomias falsas e à simplificação excessiva de temas complexos. Ele argumenta que é preciso analisar os dados mais profundamente e enxergar a dispersão entre indivíduos e grupos, em vez de se concentrar apenas em médias ou extremos.

Exemplos como a desigualdade no Brasil ilustram esse ponto. Embora os 10% mais ricos no país concentrem 41% da renda, o padrão geral de vida da população tem melhorado significativamente, com a maioria agora vivendo no nível 3.

Factfulness: um antídoto para o pessimismo

Ao longo do livro, Rosling apresenta ferramentas práticas para combater a desinformação e a visão distorcida do mundo. Ele nos incentiva a controlar nosso apetite por narrativas dramáticas e a abraçar uma perspectiva mais equilibrada, baseada em dados concretos. Como ele enfatiza, é necessário reconhecer que o progresso humano, embora silencioso e gradual, é inegável.

“Factfulness” é, acima de tudo, um convite para repensar nossas percepções e tomar decisões mais informadas. Com sua abordagem didática e exemplos contundentes, o livro é uma celebração do progresso humano e um chamado para enxergar o mundo como ele realmente é: cheio de desafios, mas também repleto de soluções e esperança.

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