O Índice Ómie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) revelou que o faturamento das pequenas e médias empresas brasileiras cresceu 4,5% em 2024 na comparação anual. No quarto trimestre, o índice registrou um avanço de 3,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Funcionando como uma tabela de economia para empresas com faturamento de até R$ 50 milhões anuais, o IODE-PMEs monitora 736 atividades econômicas distribuídas entre quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.
Os dados indicam que o desempenho das PMEs superou o crescimento do PIB nacional em 2024. De acordo com o Boletim Focus do Banco Central, a projeção mediana do mercado para o PIB do ano passado—cujo resultado oficial será divulgado em março de 2025—está em 3,5%.
Esta performance, conforme Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, plataforma de gestão (ERP) na nuvem, foi condicionada pela ampliação da demanda doméstica e indica perda de fôlego do segmento, especialmente nos setores de Indústria e Serviços.
“Nos últimos anos, houve forte avanço da renda real disponível às famílias, em um contexto de expansão fiscal com programas de transferência de renda e pagamento de precatórios. Também devem ser levados em conta a sustentação do mercado de trabalho aquecido, o desemprego próximo ao reduzido patamar histórico de 6% da última década e rendimentos reais em ascensão e já mais elevados frente ao período pré-pandemia”, explica.
O principal contribuinte para a melhora do mercado de PMEs em 2024 foi o Comércio, com avanço de 8,1% ante ao ano anterior. O economista lembra que as empresas desse setor engataram trajetória de recuperação a partir do segundo trimestre do ano anterior, após um 2023 bastante desafiador, refletindo o contexto de avanço do consumo no país. Em 2024, os resultados foram positivos para o atacado (+9,0% YoY) e para o varejo (+6,4% YoY), com destaque para ‘Alimentos’, ‘Bebidas’ e ‘Produtos de higiene, limpeza e conservação domiciliar’.
Já no varejo, os sinais de recuperação se manifestaram mais consistentes para as PMEs no segundo semestre de 2024, evidenciados pela manutenção de alta do Comércio ao longo dos últimos seis meses. Entre as atividades com melhor performance, estão ‘Equipamentos para escritório’, ‘Produtos alimentícios’, ‘Produtos farmacêuticos com manipulação de fórmulas’ e ‘Materiais hidráulicos e elétricos’.
Outro setor do mercado de pequenas e médias empresas que voltou expandir no ano anterior foi Serviços, com incremento de 2,5%, mesmo com a desaceleração dos últimos meses do ano (+1,2% no 4T2024).
As PMEs industriais desaceleraram no segundo semestre, com retração de 1,5% YoY no 4T2024. Ainda assim, o setor encerrou 2024 com faturamento 2,2% maior em comparação a 2023, segundo o IODE-PMEs.
As perspectivas, com base no IODE-PMEs, indicam crescimento de 2,4% em 2025, após avanço médio de 6,9% ao ano no biênio 2023-24. Segundo o economista, apesar dos desafios macroeconômicos e do aumento das incertezas na economia doméstica, há elementos que devem sustentar a continuidade da evolução da economia brasileira neste ano, mesmo que com alguma desaceleração.
De modo geral, essa continuidade está apoiada em um contexto de sustentação da renda das famílias – desemprego no reduzido patamar de 6,1% e com ausência de sinais claros de reversão. Tal contexto tende, então, a favorecer alguns segmentos do mercado mais sensíveis à renda, como Serviços e alguns segmentos do Varejo (produtos alimentícios, artigos de higiene, produtos farmacêuticos, etc.).